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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Bolsonaro anuncia reajuste de mais de 33% para professores da educação básica

 


O presidente Jair Bolsonaro anunciou nessa quinta-feira (27) que reajustou o piso salarial para professores de todo o País em 33,24%. Com isso, o piso passa de R$ 2.886 para R$ 3.845. A lei do piso salarial dos professores, sancionada em 2008, estabelece que o reajuste é feito anualmente, no mês de janeiro.

Setores do governo debatiam até a noite de quarta (26) qual deveria ser o tamanho do reajuste. Casa Civil, Ministério da Economia e Ministério da Educação estavam considerando um aumento de 7,5%, que atenderia a governadores e prefeitos, já que Estados e municípios arcam com a maior parte do custo da folha da educação básica.

Só que a pressão de parlamentares da área da educação e das categorias do magistério, além das ameaças de judicialização, levaram o governo a não querer assumir o custo político de dar um percentual de reajuste menor que 33%.

O reajuste de 33% defendido pelos professores segue os critérios da antiga lei do Fundo de Desenvolvimento e Manutenção da Educação Básica (Fundeb), substituída por uma nova versão aprovada no fim de 2020.

No dia último dia 14, o Ministério da Educação divulgou uma nota afirmando que o índice de reajuste reivindicado pelos professores não era mais condizente com o novo Fundeb.

A manifestação do MEC causou uma reação do magistério, que pressionou o governo federal a garantir o reajuste de 33%. A Comissão de Educação da Câmara divulgou uma nota técnica argumentando que a regra da lei de 2008 precisa ser aplicada.

A decisão de Bolsonaro de conceder o reajuste em ano eleitoral provocou reação de prefeitos, que alertam para uma “bomba” nos cofres municipais e o acusam de agir pensando na disputa presidencial. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) calcula um impacto de R$ 30,46 bilhões para as prefeituras. Os prefeitos avaliam entrar na Justiça para reverter a situação.

“Não tem um centavo do governo federal para pagamento do piso do magistério no Brasil. O dinheiro não é da União. É muito bom fazer favor com chapéu alheio”, afirmou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. “A disputa não é melhorar a educação no Brasil, a disputa é pagar salário atrás de voto.”

O presidente da CNM avalia que Bolsonaro contrariou o entendimento jurídico da Advocacia-Geral da União (AGU) por interesse eleitoral. “Vale a manifestação do MEC, com o parecer que veio da AGU, ou o Twitter do presidente? Como é que vamos trabalhar com a verba?”, questionou Ziulkoski.

A Confederação vai recomendar aos prefeitos do País que não concedam o reajuste de 33,24%. O conselho político da CNM decidiu sugerir às prefeituras um reajuste menor, com base na inflação do ano passado, de pouco mais de 10%, afirmou o presidente da instituição.

No Senado, a decisão do presidente Jair Bolsonaro foi vista como uma pressão contra governadores e prefeitos, que pagam os professores da educação básica. Com isso, haverá uma resistência ainda maior à proposta de emenda à Constituição (PEC) dos combustíveis, negociada pelo governo para desonerar a cobrança de impostos sobre a gasolina e o diesel e pressionar os governadores a zerarem a cobrança do ICMS, principal fonte de arrecadação dos Estados que também é dividida com as prefeituras.

O Sul

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