O prefeito Sebastião Melo sancionou nesta sexta-feira (3) a lei que prevê o que a própria prefeitura chama de “desestatização” da Carris, o que na prática é o mesmo que privatizar a empresa pública de transporte. A assessoria de imprensa da gestão municipal afirma que “com a sanção, o serviço continuará público, porém será operado por uma empresa privada, como já acontece com todas as capitais brasileiras”.
O edital que prevê a venda dos bens da companhia e a concessão das linhas operadas pela Carris deverá ser lançado em março de 2022. “A desestatização faz parte de uma série de medidas para melhorar o transporte público que faliu antes mesmo da pandemia. Além do pacote que inclui a redução das isenções, extinção gradual dos cobradores e repactuação com as concessionárias, estamos trabalhando em conjunto com outros prefeitos para que Estados e a União auxiliem com a criação do SUS do Transporte Público”, afirmou o prefeito Sebastião Melo.
Para os funcionários, além da realização de cursos de capacitação, a prefeitura trabalha com um Plano de Demissão Voluntária (PDV). A mudança afeta todos os empregados da Carris. São cerca de 2 mil funcionários que trabalham na companhia, entre motoristas, cobradores, mecânicos e outros profissionais.
Conforme dados da prefeitura, o custo da Carris é 21% maior do que o das outras empresas de ônibus, o que contribui para que a Capital tenha uma das passagens mais caras entre as capitais. Até o final deste ano a prefeitura terá aportado mais de meio bilhão para cobrir os prejuízos da Companhia, ainda segundo informações do órgão.
Pesquisa
Uma pesquisa feita pelo aplicativo Moovit e publicada no site Mobilize revelou que as capitais brasileiras estão entre as piores em transporte público em todo o mundo.
O Rio de Janeiro é a cidade brasileira onde o cidadão mais perde tempo no transporte público. Pelo menos 11% dos deslocamentos feitos na capital carioca duram mais de duas horas; já o tempo médio de deslocamento é de uma hora e 2 minutos. No ranking mundial, o Rio figura na terceira posição, ficando atrás de Istambul, na Turquia (72 minutos), e da Cidade do México (69 minutos).
O levantamento foi realizado a partir de dados de usuários do Moovit, com base em milhões de viagens em 2019, “mostrando um panorama sobre tendências globais de transporte”. O estudo global analisou 99 metrópoles de 25 países. Dez regiões metropolitanas brasileiras foram incluídas no relatório: Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
O relatório aponta que o tempo médio de espera pelo transporte público no Recife é de 25 minutos. Em segundo lugar no ranking nacional, aparecem os passageiros de Brasília (DF), que aguardam 23 minutos. O terceiro colocado na lista é Salvador (BA), com 23 minutos.
Ainda de acordo com o levantamento, entre as dez cidades de todo o mundo com maior tempo de deslocamento, três são brasileiras: Rio, Recife e São Paulo. No Brasil, a líder é o Rio de Janeiro, com uma hora e sete minutos. No Recife, o tempo médio de deslocamento é de uma hora e dois minutos, assim como São Paulo, que tem o mesmo número.
Tempo médio de deslocamento do transporte público no mundo
Istambul (Turquia): 1h12min
Cidade do México (México): 1h09min
Rio de janeiro: 1h07min
Bogotá (Colômbia): 1h07min
Jacarta (Indonésia): 1h05min
Bangkok (Tailândia): 1h03min
Recife: 1h02min
São Paulo: 1h02min
Lima (Peru) 1h02min
Santiago (Chile): 1h02min
Tempo médio de deslocamento do transporte público no Brasil
Rio de Janeiro: 1h07min
Recife: 1h02min
São Paulo: 1h02min
Brasília: 1h01min
Belo Horizonte: 59 min
Salvador: 55 min
Curitiba: 54 min
Fortaleza: 53 min
Campinas, SP: 53 min
Porto Alegre: 46 min
Tempo médio de espera pelo transporte público no Brasil
Recife: 25 min
Brasília: 23 min
Salvador: 23 min
Fortaleza: 20 min
Campinas, SP: 20 min
Belo Horizonte: 19 min
Rio de Janeiro: 10 min
Porto Alegre: 17 min
São Paulo: 16 min
Curitiba: 13 min
O Sul
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