quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

MP denuncia cirurgião plástico por importunação sexual, coação e corrupção de testemunha

 Médico havia sido preso, em início de novembro, durante operação da Polícia Civil

O Ministério Público do Rio Grande do Sul denunciou um cirurgião plástico, que atua em Porto Alegre e região Metropolitana, por quatro delitos de importunação sexual, coação no curso do processo e corrupção ativa de testemunha, além da prática de violação de dever inerente à profissão exercida e calamidade pública. Ocorridos em Porto Alegre, os delitos foram praticados em seis ocasiões distintas entre 2018 a 2021.

O médico havia sido preso, em início de novembro, durante operação da Polícia Civil. À época, a corporação atuou o denunciado em flagrante, por porte de arma de fogo. Durante o cumprimento de dois mandados de busca e apreensão, nos bairros Três Figueiras e Chácaras das Pedras, foram encontrados, em locais clandestinos onde o homem atendia as pacientes, preservativos usados e comprimidos de estimulante sexual. Os espaços utilizados para a realização dos procedimentos cirúrgicos não tinham os equipamentos adequados ou a autorização legal para operação. Os agentes também constataram que o consultório descumpria os padrões de higiene e saúde.

Acionada, a Vigilância Sanitária enviou uma equipe até o endereço. De acordo com os técnicos, o local não tinha autoclave e havia instrumentos enferrujados, medicamentos vencidos e lixo descartado de forma irregular. A Vigilância também encontrou vestígios de sangue em objetos e móveis do consultório. Durante a ação, ainda foram apreendidos equipamentos eletrônicos, armas, documentos e outros itens. Já na residência do médico foram apreendidos aparelhos eletrônicos e documentação.

Conforme a denúncia, oferecida por meio do promotor de Justiça Luiz Eduardo Ribeiro de Menezes, o médico praticou a maior parte dos atos libidinosos contra as vítimas no consultório médico. Nessas oportunidades, o denunciado agia sempre da mesma forma: pedia para as vítimas tirarem toda a roupa para poder tocá-las intimamente.

O denunciado também usou de grave ameaça, com a finalidade de favorecer interesse próprio, contra uma das vítimas, para ocultar o delito anteriormente praticado. Em outra ocasião, conforme o MP, o médico ofereceu vantagens para uma das testemunhas do inquérito policial, orientada a negar os crimes ou mentir no depoimento a ser prestado junto à Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher.

Embora o denunciado seja réu primário, durante as investigações policiais as autoridades apuraram que ele praticou ao menos 11 crimes contra a dignidade sexual.

Defesa se manifestou 

O advogado Carlos Rafael Alvim disse ter confiança que o seu cliente, o cirurgião plástico de 68 anos, preso no começo da tarde da última terça-feira pela Polícia Civil em Porto Alegre, seja solto. O médico foi detido por policiais civis da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) durante cumprimento de mandado de prisão preventiva e de busca e apreensão nos bairros Três Figueiras e Chácara das Pedras, na Capital. “Com novas provas trazidas na madrugada desta quarta-feira, que comprovam a inocência do acusado, espera-se que ele seja solto”, afirmou o defensor. Ele lembrou que o pedido já foi encaminhado à Justiça. “São elementos novos que contradizem as acusações”, frisou o advogado.

Uma nota oficial foi divulgada por Alvim. Nela, o advogado criticou a atuação da Polícia Civil no caso. O defensor disse que provas “já carreadas aos autos abalarão o pensamento e entendimento da nossa sociedade”. Segundo Carlos Rafael Alvim, será comprovada a inocência de seu cliente. 

A investigação da 1ª Deam apura denúncias de crimes sexuais supostamente praticados pelo cirurgião plástico que atua em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Segundo a Polícia Civil, mais três mulheres relataram supostos abusos. Nove mulheres já haviam registrado queixa contra o cirurgião plástico antes da detenção deste. 

Os agentes da delegacia especializada afirmaram que um consultório médico encontrado durante a operação deflagrada na terça-feira seria “usado clandestinamente para a realização de procedimentos cirúrgicos, sem equipamentos adequados ou autorização legal e completamente fora dos padrões de higiene e saúde”. Uma equipe da Vigilância Sanitária foi acionada e também participou da operação da 1ª Deam de Porto Alegre.


Rádio Guaíba e Correio do Povo

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