O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou neste fim de semana que a decisão sobre a vacinação de crianças e adolescentes dos 5 aos 11 anos contra a covid só será anunciada no próximo dia 5 de janeiro e que vai reduzir o prazo para aplicação de dose de reforço da vacina contra a Covid-19 de cinco para quatro meses.
Em uma publicação no Twitter, o ministro argumenta que a medida sobre o reforço da vacina é uma estratégia de proteção em relação à variante Ômicron, que já está em circulação no País. Com a mudança, pessoas que tomaram a segunda dose da vacina há quatro meses já poderão receber o reforço. O Estado de São Paulo, por exemplo, já havia adotado o intervalo reduzido. A cidade do Rio de Janeiro também liberou a antecipação da dose de reforço.
“Para ampliar a proteção contra a variante Ômicron vamos reduzir o intervalo de aplicação da 3ª dose de cinco para quatro meses. A dose de reforço é fundamental para frear o avanço de novas variantes e reduzir hospitalizações e óbitos, em especial em grupos de risco”, diz o texto.
Mais cedo, em coletiva de imprensa, Queiroga falou sobre a vacinação de crianças e disse que a pasta só vai se posicionar sobre a inclusão desse grupo no programa de vacinação no dia 5 de janeiro. Na ocasião, o ministro disse que se preocupava mais em expandir a vacinação com segunda e terceira dose.
“Tenho mais preocupação com aplicação de segunda e de terceira dose do que com a vacinação de crianças”, disse.
Crianças
A pasta também vai abrir uma consulta e uma audiência públicas sobre a imunização para o público infantil. Ele afirmou que o prazo é necessário para a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) analisar o tema.
“A vacinação em crianças, no âmbito de uma política pública, requer uma análise mais aprofundada. Não vamos nos precipitar”, disse Queiroga, em vídeo publicado nas suas redes sociais. “Este tema precisa ser melhor discutido com a comunidade científica e com toda sociedade.”
A imunização de crianças e adolescentes dos 5 aos 11 anos foi aprovada no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última quinta-feira, quando a autarquia concedeu permissão para que a Pfizer acrescentasse esta faixa etária na bula da sua vacina contra a covid. Um dia depois, Queiroga afirmou que a decisão não era “consensual” e precisaria debatê-la com outros órgãos, como o Conselho Nacional de Justiça.
“Nós queremos discutir esse assunto de maneira aprofundada, porque isso não é um assunto consensual. Há aqueles que defendem, há os que defendem de maneira entusiástica, há os que são contra, então a gente tem que discutir”, disse, em entrevista na porta do ministério.
Neste fim de semana, o ministro voltou a falar que a decisão tomada pela Anvisa precisa ser verificada “nas suas minúcias”. “Nós vamos fazer um procedimento administrativo para avaliar a decisão em todos os seus aspectos, para que, a partir dessa anáise, verificar a implementação dessa decisão no âmbito de uma política pública.”
Mesmo com aval da Anvisa, cabe ao governo federal fazer a compra das vacinas pediátricas contra covid e decidir sobre sua inclusão no Programa Nacional de Imunização (PNI). A vacinação de crianças encontra respaldo nas evidências apresentadas até aqui pela Pfizer, que passaram por escrutínio de diferentes agências reguladoras internacionais.
No Brasil, especialistas da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) participaram como consultores externos da análise realizada pela Anvisa e atestaram sobre a segurança e eficácia da imunização nesta faixa-etária.
O aval da Anvisa também foi criticado pelo presidente Jair Bolsonaro, que durante sua live semanal voltou a assumir tom negacionista contra a imunização e ameaçou divulgar “extraoficialmente” os nomes dos servidores responsáveis pela autorização. Há pouco mais de um mês, funcionários da agência foram alvos de pelo menos duas ameaças de morte direcionadas à imunização de crianças.
O Sul
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