O ultradireitista José Antonio Kast e o esquerdista Gabriel Boric se enfrentam neste domingo (19) no segundo turno da polarizada disputa pela presidência do Chile. Trata-se da primeira eleição presidencial desde que o país foi abalado pelos protestos generalizados contra a desigualdade que renderam meses de marchas e episódios de violência nas ruas, dois anos atrás.
“É uma eleição muito incerta em um ano muito anormal, são dois anos muito anormais a partir dos tumultos sociais, nada é previsível”, opina Kenneth Bunker, diretor da consultoria Tresquintos.
A disputa divide os chilenos entre uma esquerda progressista revitalizada, que cresceu muito desde os protestos de 2019, e um contramovimento de extrema-direita que avaliza a mensagem dura de “lei e ordem” de Kast.
Mais de 15 milhões de chilenos podem votar para escolher o sucessor do conservador Sebastián Piñera. No entanto, no primeiro turno, a participação do eleitorado foi de 47%.
Segundo uma pesquisa da consultoria AtlasIntel a que a agência Reuters teve acesso na quinta-feira, Kast, que levou uma maioria parcial no primeiro turno em 21 de novembro, tem 48,5% das intenções de votos, à frente de Boric, com 48,4%. Quando votos não válidos são retirados da conta, cada candidato fica com 50%, ou seja, há um empate.
Boric, de 35 anos e formado em Direito na Universidade do Chile, vem do extremo sul do país, de Punta Arenas. É agnóstico, solteiro e sem filhos. Kast, de 55, também é advogado, mas estudou na Universidade Católica. É casado desde 1991 com María Pía Adriasola, tem nove filhos e pertence ao movimento católico Schönstatt.
Com a idade mínima para se candidatar, Boric representa a coalizão Aprovo Dignidade, que reúne a Frente ampla – da qual o candidato faz parte – e o Partido Comunista.
Kast, do ultraconservador Partido Republicano – fundado por ele – venceu o primeiro turno em 21 de novembro e conseguiu alinhar em torno de seu nome todos os partido da direita chilena.
Tanto Boric quanto Kast têm implementado mudanças em seus planos de governo desde que passaram para o segundo turno. Kast, advogado e ex-parlamentar filiado ao Partido Republicano, mantém sua ideia de construção de uma vala nas fronteiras ao norte do Chile. Segundo ele, como informa a RFI, esta seria uma solução eficaz contra a entrada de imigrantes irregulares que chegam a partir das fronteiras com Peru e com a Bolívia.
O candidato republicano retirou do seu programa de governo dois pontos bastante criticados pela opinião pública: a construção de novas termelétricas e a eliminação do Ministério da Mulher e Equidade de Gênero. Além disso, o direitista adicionou alguns pontos, como o tema ambiental, vagamente mencionado anteriormente, mas que continua com poucos detalhes.
O programa de Boric segue centrado em três reformas que ele considera essenciais: previdência, saúde e educação. Há mais três temáticas que permeiam a maioria das propostas: feminismo, crise climática e trabalho digno. O esquerdista também adicionou elementos mais moderados ao seu programa, como por exemplo uma reforma tributária, que deve ser capaz de arrecadar o equivalente a 6% do PIB nos quatro anos de governo e com o objetivo de chegar a 8% em oito anos.
Quem quer que vença o segundo turno enfrentará um cenário econômico complexo: após a vigorosa recuperação de 2021, prevê-se uma desaceleração do crescimento e um aumento da dívida pública chilena no próximo ano.
Kast e Boric representam projetos antagônicos na economia.
Enquanto o jovem deputado de esquerda é liberal em temas sociais e defende “um Estado de bem-estar” ao estilo europeu na área econômica, seu adversário, um advogado de 55 anos, defende o modelo econômico neoliberal e tem uma visão ultraconservadora em temas sociais, expressa em sua oposição ao aborto e ao casamento entre pessoas de mesmo sexo. As informações são do portal de notícias G1.
O Sul
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