O presidente Jair Bolsonaro afirmou que “bem lá na frente” irá entregar um Brasil melhor do que aquele que ele recebeu ao assumir o cargo, em 2019. Em discurso realizado neste fim de semana, na Escola Naval, Bolsonaro declarou ainda que as Forças Armadas “voltaram ao cenário nacional”, e que todos querem “paz, tranquilidade e harmonia”.
As declarações de Bolsonaro foram dadas durante discurso que durou cerca de seis minutos, quase ao final da cerimônia de Declaração de Guardas-Marinha, que formou 197 aspirantes da força.
“As Forças Armadas, há pouco tempo esquecidas, hoje voltam ao cenário nacional. O nosso trabalho cada vez mais vem sendo reconhecido por toda a nação”, discursou Bolsonaro, que fez ainda uma referência à Segunda Guerra Mundial, encerrada há 76 anos. “Centenas de colegas da Marinha, e por volta de 500 do nosso Exército e Aeronáutica, perderam suas vidas combatendo o nazismo e o fascismo.”
Acrescentando que “nós somos a esperança da garantia da nossa liberdade”, Bolsonaro agradeceu a Deus “pela missão que desempenho no momento” e disse que entregará um País melhor “bem lá na frente”. “Tenho certeza que lá na frente, bem lá na frente, entregaremos um Brasil a quem nos suceder bem melhor do que aquele que recebemos.”
A cerimônia de Declaração de Guardas-Marinha foi realizada em campo aberto, debaixo de sol muito forte. Pelo menos três aspirantes, entre as quais duas mulheres, acabaram desmaiando e precisaram ser atendidas.
Inflação
Bolsonaro não mostra, porém, números que indiquem que o Brasil está melhorando. Sob pressão do encarecimento dos combustíveis, a inflação oficial no País ficou em 0,95% em novembro, a mais elevada para o mês desde 2015, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última semana.
O resultado veio praticamente no piso das estimativas de analistas do mercado financeiro, que previam alta de 1,10%. Ainda assim, a taxa acumulada em 12 meses atingiu 10,74%, o maior patamar desde novembro de 2003.
A surpresa positiva abriu a possibilidade de a inflação encerrar o ano abaixo dos dois dígitos, avaliou a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. “Olhando as leituras do atacado, temos indicações de que pode se manter a tendência de arrefecimento dos alimentos, apesar da sazonalidade de fim de ano”, explicou a economista, cuja projeção preliminar de 0,70% para o IPCA de dezembro pode ser reduzida, já que considerava uma alta de preços ao redor de 0,85% para alimentação e bebidas.
Segundo Camila, o alívio no índice de novembro deve ter pouco impacto no cenário do Banco Central (BC), que já deu sinais de levar menos em conta a inflação sobre os rumos da taxa básica de juros, a Selic.
A taxa do IPCA de dezembro tem que ficar abaixo de 0,68% para que a inflação não rompa a barreira dos dois dígitos no ano, calculou Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE. “Na minha conta, se for 0,68% já bate os 10%, está praticamente cravando 10%. O nosso cálculo é feito no sistema com 15 casas decimais. Se for de 0,74%, já vai para 10,07%”, disse Kislanov.
Segundo ele, a inflação elevada no País não é resultado de uma pressão de demanda, mas sim de aumentos de preços de bens e serviços monitorados pelo governo, como a energia elétrica e a gasolina, que geram uma inflação de custos. As maiores contribuições para o IPCA acumulado em 12 meses são da gasolina (2,49 pontos porcentuais), energia elétrica (1,36 ponto), etanol (0,45 ponto), gás de botijão (0,43 ponto) e automóvel novo (0,42 ponto). Nos últimos 12 meses, a gasolina já ficou 50,78% mais cara.
Em novembro, os gastos das famílias com transportes dispararam 3,35%, praticamente 76% de toda a inflação do mês. A principal pressão partiu novamente da gasolina, com alta de 7,38%, o maior impacto individual no IPCA. Houve altas também nos preços do etanol (10,53%), óleo diesel (7,48%) e gás veicular (4,30%). Os automóveis novos, automóveis usados e motocicletas também subiram.
Em habitação, a energia elétrica aumentou 1,24%, enquanto o gás encanado subiu 2,00%. O gás de botijão ficou 2,12% mais caro, a 18ª alta consecutiva, acumulando um aumento de 47,84% desde junho de 2020.
O Sul
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