Diálogo entre os dois dirigentes durou cerca de 50 minutos, segundo a Casa Branca
Os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos participaram nesta quinta-feira de uma teleconferência para fazer prevalecer a via diplomática frente à crise gerada pela ameaça de uma invasão russa da Ucrânia. O diálogo entre os dois dirigentes durou cerca de 50 minutos, segundo a Casa Branca.
Biden está em Wilmington, Delaware, onde tem casa e passa as festas de fim de ano. A Casa Branca publicou uma foto do presidente com o telefone na mão, em um quarto com paredes revestidas de madeira. Sua intenção, segundo a Casa Branca, é propor "uma via diplomática" para evitar uma escalada militar na Ucrânia.
Horas antes da teleconferência, Putin disse estar "convencido" de que era possível um diálogo "eficaz" e "baseado no respeito mútuo", lembrando a cúpula realizada entre ambos em junho em Genebra.
Durante a conversa, a segunda em menos de um mês, o presidente americano esttava disposto a insistir em que continua "profundamente preocupado" com a presença de dezenas de milhares de militares russos na fronteira com a Ucrânia e que está "preparado para responder" em caso de uma ofensiva, segundo um alto funcionário da Casa Branca.
À medida que se aproximam as negociações russo-americanas de 10 de janeiro, em Genebra, a Rússia repete reiteradamente que sua prioridade é negociar dois tratados que redefinam o equilíbrio e a arquitetura da segurança na Europa. Para o Kremlin, a segurança da Rússia passa por proibir que a Otan se amplie e concluir com as atividades militares ocidentais no que Moscou considera sua zona de influência.
"Pleno apoio"
Segundo a Rússia, suas demandas buscam apenas evitar o agravamento das tensões, já que Moscou considera o apoio dos Estados Unidos, da Otan e da União Europeia à Ucrânia, com um governo pró-Ocidente, uma ameaça direta aos seus interesses. Os Estados Unidos, acusados de dirigir alguns temas internacionais sem muita concertação com seus aliados, insistem em coordenar posições estreitamente com os europeus e os ucranianos.
Na quarta-feira (29), o secretário de Estado americano, Antony Blinken, reuniu-se com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e, em seguida, com seus homólogos de França, Alemanha e Reino Unido. Zelensky enfatizou ter recebido garantias do "total apoio americano" para "combater um ataque russo".
Sem concessões
Em conversa telefônica no começo de dezembro, Joe Biden ameaçou Vladimir Putin com sanções nunca vistas se atacasse a Ucrânia. Os países ocidentais descartaram até agora uma resposta militar a uma possível invasão russa, e o Kremlin deu pouca atenção às ameaças de sanções.
A Rússia e sua elite governante já são alvo de inúmeras represálias econômicas dos países ocidentais pela questão ucraniana e pela repressão no país. Nenhuma dessas medidas fez o Kremlin mudar de atitude, muito pelo contrário.
Moscou nega estar ameaçando a Ucrânia, embora em 2014 tenha anexado a península da Crimeia, e afirme agir em resposta à hostilidade do Ocidente que apoia Kiev, especialmente em seu conflito contra separatistas pró-russos no leste do país. Estes últimos, embora os dirigentes russos o neguem, são suspeitos de estar sob ordens do Kremlin.
Por enquanto, as negociações de 10 de janeiro em Genebra sobre a Ucrânia e a estabilidade estratégica se anunciam tensas. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, já descartou a possibilidade de "concessões" por parte de Moscou, e os Estados Unidos alertaram que alguns pedidos russos são "inaceitáveis".
Essas discussões, lideradas pela vice-secretária de Estado americana, Wendy Sherman, e seu homólogo russo, Serguei Riabkov, serão seguidas por uma reunião entre representantes de Moscou e da Otan em 12 de janeiro e por outra, no dia seguinte, no âmbito da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
AFP e Correio do Povo
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