Desde a primeira confirmação, na última semana de novembro, ao menos 38 países já confirmaram oficialmente a chegada da variante ômicron do coronavírus, aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS). Embora ainda não tenha causado mortes, a nova cepa tem provocado a implementação de restrições que ameaçam a economia.
A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, indicou que o fato pode desacelerar a recuperação e obrigar o órgão a revisar para baixo suas expectativas: “Uma variante com capacidade para se expandir rapidamente acaba afetando a confiança. Provavelmente veremos cortes em nossas projeções de outubro para o crescimento global”.
Nessa última estimativa, o FMI já havia freado o seu otimismo, estimando em 5,9% o crescimento do PIB mundial em 2021, em vez dos 6% anteriores. Já para o ano que vem, a expectativa é de uma alta de 4,9%.
Transmissão local
Vários países como Espanha, Estados Unidos e Austrália começaram a registrar supostos casos de transmissão local, com pacientes infectados que não haviam viajado ao exterior.
Tunísia e México anunciaram seus primeiros casos na sexta. O subsecretário mexicano de Saúde, Hugo López-Gatell, afirmou que o fechamento das fronteiras não é uma medida útil para conter as variantes.
O aparecimento desta variante é “a prova definitiva” do perigo das desigualdades, disse o presidente da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), Francesco Rocca, que relembrou a ameaça de “variantes novas em locais onde a taxa de vacinação é muito baixa”.
Em todo o Espaço Econômico Europeu (União Europeia e Noruega, Islândia e Liechtenstein), 109 casos da ômicron foram relatados até o meio-dia de sexta, de acordo com o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC).
Ao mesmo tempo, a pandemia de Covid-19 continua a causar estragos em muitos países: a Rússia registrou em outubro seu mês mais mortal desde o início da pandemia, com 74.893 mortes relacionadas ao vírus, segundo a agência de estatísticas Rosstat. No total, o número de mortes ultrapassa 520 mil.
Muitas incertezas
Embora a nova variante pareça ser altamente contagiosa, o porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Christian Lindmeier, disse nesta sexta-feira que não havia recebido “nenhum relato de mortes relacionadas à ômicron”.
Existem também dúvidas em relação à periculosidade e resistência à vacina da ômicron.
Na África do Sul, a nova variante já prevalece. As autoridades de saúde relataram um aumento nas infecções em crianças, embora ainda não se saiba se está relacionado à ômicron.
Um estudo sul-africano descobriu que o risco de contrair Covid-19 novamente é três vezes maior com a ômicron do que com as variantes beta e delta.
Novas restrições
A Irlanda anunciou, na sexta-feira à noite, diversas medidas, entre elas o fechamento de boates de 7 de dezembro a 9 de janeiro.
Já a Alemanha impôs fortes restrições a pessoas não vacinadas, que ficarão praticamente confinadas. Um projeto de lei sobre a vacinação obrigatória será apresentado ao Parlamento alemão para entrada em vigor em fevereiro ou março.
A Áustria mais uma vez confinou sua população; a Grécia diminuiu o tempo para a dose de reforço.
Na Ásia, um dia depois de Singapura anunciar dois casos, os vizinhos Malásia e Sri Lanka relataram seus primeiros casos na sexta, cada um envolvendo viajantes que voltavam da África.
Por enquanto, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a cobertura vacinal e os níveis de detecção inadequados, especialmente na África, são “uma receita perfeita para as variantes se reproduzirem e ampliarem.”
Várias empresas, incluindo Moderna, AstraZeneca, Pfizer/BioNTech e Novavax, expressaram confiança em sua capacidade de criar uma vacina para a ômicron.
A Rússia também está trabalhando em uma versão de sua Sputnik V voltada especificamente para essa variante.
O Sul
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