Nova variante do coronavírus segue se espalhando pelo mundo
A nova variante do coronavírus, ômicron, segue se espalhando pelo mundo. Identificada na África do Sul na última quinta-feira, muitos países reagiram fechando suas fronteiras com as nações do sul da África. Neste domingo, a OMS reiterou o seu apelo "para que as fronteiras permaneçam abertas" e afirmou estar "ao lado dos países africanos" num comunicado.
"Estamos numa corrida contra o relógio" para frear a nova variante, admitiu neste domingo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Na Holanda, as autoridades de saúde anunciaram neste domingo que 13 passageiros procedentes da África do Sul que deram positivo para a Covid-19 ao chegarem em Amsterdã na sexta-feira são portadores da variante omicron. E pode haver mais casos, já que, no total, foram detectados 61 casos positivos para o coronavírus.
Israel, onde foi confirmado um caso de um viajante procedente do Malawi, decidiu proibir a partir deste domingo a entrada de estrangeiros no país, e obrigar seus cidadãos vacinados que voltaram de viagem a realizar um teste PCR e a fazer uma quarentena de três dias (sete se não estiverem vacinados). A decisão chega a menos de um mês da reabertura das fronteiras do país (em 1º de novembro) e a oito dias da jesta judaica do Hanukkah.
A Dinamarca anunciou neste domingo dois casos de infectados com a nova cepa em passageiros procedentes da África do Sul. Também foram notificados dois casos na Austrália, em dois passageiros vacinados que voltavam do sul da África e chegaram a Sydney no mesmo dia do fechamento das fronteiras com nove países do sul do continente africano. Doze passageiros do mesmo voo estão em quarentena.
A Austrália levantou recentemente a proibição de seus cidadãos vacinados para viajar ao exterior sem autorização. A variante ômicron também foi detectada em Botsuana, Hong Kong e vários países europeus (Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Itália e República Tcheca).
Novas restrições
A nova variante B.1.1.529 da Covid-19 representa um risco "de alto a muito alto" para a Europa, segundo a Agência de Saúde da União Europeia. O continente já enfrentava um aumento de casos muito antes do surgimento da ômicron, o que a levou a restabelecer restrições sanitárias, provocando manifestações violentas no último fim de semana na Holanda e nas Antilhas francesas.
Na Áustria, dezenas de milhares de pessoas se manifestaram neste fim de semana contra a obrigação de se vacinarem. Os suíços votaram neste domingo a lei que permite instaurar o passaporte de covid no país, em plena quinta onda da pandemia e após uma tensa campanha eleitoral. Novas restrições entrarão em vigor na terça-feira no Reino Unido, como o retorno do uso de máscaras e o endurecimento do acesso ao país.
Outros países estão anunciando a suspensão de voos de países do sul da África onde a variante está presente, como África do Sul, Moçambique, Essuatíni (ou Sualizândia), Angola, Zâmbia, Malawi, Lesoto, Zimbábue, Namíbia e Botsuana.
Angola, na lista vermelha do Reino Unido, se tornou neste domingo o primeiro país do sul da África a suspender seus voos na região. Filipinas, por sua vez, anunciou o cancelamento de voos de áreas onde a variante tenha sido detectada.
A Arábia Saudita estendeu a lista de países com os quais suspende voos para 14. Kuwait e Catar (importante centro de conexão aérea) também anunciaram restrições com nove e cinco países africanos, respectivamente. Uma médica sul-africana, que atendeu quase 30 pacientes com Covid-19 infectados pela nova variante ômicron, afirma que eles apresentam apenas "sintomas leves" e que por enquanto estão passando seu período de recuperação sem necessidade de hospitalização.
"Transparência"
Nos Estados Unidos, que também abriram suas fronteiras ao mundo no início de novembro, está proibida a chegada de viajantes de oitos países do sul da África. No sábado, Washington elogiou a África do Sul pela "transparência ao compartilhar essas informações" depois que o país se sentiu "castigado" por ter anunciado a detecção da "ômicron". Uma alusão nada velada dos Estados Unidos à gestão inicial da pandemia feita pela China.
Os fabricantes de vacinas AstraZeneca, Pfizer/BioNTech, Moderna e Novavax se mostraram confiantes em sua capacidade de combater essa nova cepa. Cerca de 54% da população mundial recebeu ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19; apenas 5,6% nos países de baixa renda, segundo a página Our World in Data.
Na África do Sul, apenas 23,8% da população tem o esquema vacinal completo. A nova variante gerou preocupação quanto à recuperação econômica mundial. A sexta-feira foi um dia sombrio para os índices de ações na Bolsa e o preço do petróleo.
AFP e Correio do Povo
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