segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Intenção de consumo cai em novembro na véspera da Black Friday

 


Os consumidores brasileiros ficaram menos propensos às compras em novembro, às vésperas das promoções da Black Friday e da celebração do Natal, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) encolheu 0,9% em relação a outubro, para o patamar de 73,4 pontos, na zona de insatisfação (abaixo de 100 pontos).

O indicador mostrou queda pela primeira vez desde maio. Descontados os efeitos sazonais que influenciam o apetite pelo consumo, o ICF já vinha de uma estagnação em outubro, após quatro meses seguidos de avanços. No entanto, a intenção de consumo ainda está 5,16% superior ao nível de novembro de 2020, quando foi de 69,8 pontos.

Segundo a CNC, as famílias estão mais cautelosas sobre gastos em decorrência da conjuntura desfavorável do cenário econômico. A entidade divulga o estudo completo a partir das 10h30 desta segunda (22).

Natal

Este Natal vai ser de reencontros para muitos vacinados contra a Covid-19 e os consumidores estão animados. Mas a situação econômica ainda difícil no País pede estratégia na hora de fazer as compras para não estourar o orçamento. A ceia encareceu, com os itens típicos da época até 27% mais caros do que no ano passado, como é o caso do frango inteiro.

Entre as carnes, o alimento foi o que teve maior alta no preço. O peso da carne bovina chegou a 18,68%. Bacalhau (7,98%), lombo suíno (6,48%) e pernil suíno (3,44%) também tiveram aumentos. Os índices são resultados do acompanhamento de preços feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), por todo o País, nos últimos 12 meses.

“A especificidade do frango é ser criado em granja, muito dependente de ração à base de milho ou de soja. Por problemas climáticos, como a estiagem que dura mais de um ano e a geada no último inverno, as safras de milho e soja foram muito prejudicadas. E a criação dos frangos saiu cara. Já o boi é criado solto e pode pastar, e o suíno pode ter a lavagem variada”, explica Matheus Peçanha, economista do Ibre FGV.

O preço da carne de boi está em retração, após um longo período de altas. O consultor de varejo Marco Quintarelli acrescenta, inclusive, que esse encarecimento influenciou o custo do frango.

“Muita gente migrou para consumir o frango, pois era a segunda proteína mais barata, logo após o ovo. Então, o aumento da demanda, e o fato de o frango ser exportado, ou seja, seu preço é dolarizado, acabam pressionando este alimento também”, diz Quintarelli.

Os ovos tiveram elevação de 20,05% no preço. Já a categoria “pão de outros tipos”, que inclui pães de rabanada, teve reajuste de 11,12%. O pouco trigo produzido no Brasil sofreu os mesmos impactos da ração do frango, enquanto a parcela importada está mais cara em razão do dólar, acima do patamar de R$ 5,50 atualmente. Também encareceram alguns complementos de receitas e bebidas alcoólicas, como o azeite (13,69%) e o vinho (7,77%).

“Geralmente, o azeite e o vinho têm uma parcela importada grande no mercado. E fatores de incerteza da pandemia e fatores políticos levaram os câmbios para as alturas. Assim, o preço interno sobe”, explica Matheus Peçanha.

O aumento calculado pela FGV engloba uma média entre nacionais e importados. No segundo grupo, o impacto pode ser até maior. No Cadeg, em Benfica, na Zona Norte do Rio, vinhos que custavam R$ 29,90 no fim de 2020 estão saindo agora por até R$ 60.

“Os portugueses foram os que mais aumentaram. Até vidro para a embalagem faltou no mercado na pandemia, e tudo encareceu”, justifica Michele Sant’ana, vendedora da Central dos Vinhos, que, apesar dos preços mais caros, vê o movimento no estabelecimento crescer, em comparação com o fim do ano passado.

De acordo com os especialistas, o saldo do varejo deve mesmo ser bem melhor no Natal de 2021.

“Os preços aumentaram muito, é verdade. Até 100%, principalmente dos importados em geral e dos vinhos portugueses. Então, alguns consumidores querem manter os gastos iguais aos do ano passado, e aí substituem produtos. Por exemplo, o vinho que tomaram por R$ 59 está por R$ 80. Então, mudam o vinho. Mas o fluxo de consumidores aumentou comparando agora com essa mesma época no ano passado. Esperamos resultados melhores.”

O Sul

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