Civis alemães, duas mulheres e três crianças, assassinadas por militares soviéticos.
O Massacre de Metgethen (em alemão: Massaker von Metgethen) foi o assassinato em massa de cerca de 3 000 civis alemães e de um número indeterminado de trabalhadores ou fugitivos ucranianos [notas 1] por soldados do Exército Vermelho nos arredores de Königsberg, na Prússia Oriental, localizado atualmente no Oblast de Kaliningrado. Aconteceu entre janeiro e fevereiro de 1945."
Os crimes
Em fins de janeiro de 1945 o exército soviético conseguiu tomar o controle da ferrovia e autovia até o porto de Pillau, que permitia o suprimento dos alemães na defesa de Königsberg (actual cidade de Kaliningrado).
Na noite de 29 de janeiro de 1945, os soviéticos invadiram Metgethen (na altura uma pequena povoação, é hoje, com o nome de "Imeni Alexandra Kosmodemyanskogo", parte de Kaliningrado), no entorno de Königsberg.[notas 2] Na localidade encontrava se uma grande quantidade de civis, tanto habitantes como fugitivos ucranianos. Em 19 de fevereiro de 1945 [3][ligação inativa] tropas alemães da 5.a Divisão Panzer and 1.a de Infantaria reconquistaram a área entre Pillau e Königsberg. Ao acessarem Metgethen, encontraram uma grande quantidade de cadáveres de civis que apresentavam evidências de terem sofrido violências sexuais, mutilações e espancamentos.[1]
As Testemunhas
Testemunho de um comandante alemão ao alcançar Metgethen no contra-ataque que expulsou os soviéticos
"Sem perdas de blindados alcançamos a áera principal de combate. A malta inimiga batia em retirada. Ao chegarmos em Metgethen nos gelou o sangue nas veias. Petrificados observamos o feito dos russos. Na estação ferroviária havia um vagão de fugitivos, apinhado de mulheres e jovens estupradas e assassinadas. Em 20 de fevereiro também reconquistamos o povoado de Powayen. Tanto aqui como em Groß-Medenau, que reconquistamos em 23 de fevereiro, o mesmo quadro. Pessoas trucidadas e mutiladas de todas idades e sexos. Adultos prostrados ao lados de crianças de colo nas ruas, nos quintais e nas casas dos povoados."
Relato de um soldado alemão, citado pelas iniciais B.H.
"Durante os combates para o restabelecimento da ligação terrestre entre Königsberg e Pillau entre 19 e 24 de fevereiro de 1945, os soldados das formações de ataque alemãs lograram observar os seguintes crimes:
1.No povoado de Metgethen, nos arredores a oeste de Königsberg, encontramos muitas residências com mulheres e crianças na idade entre 10 de 80 anos, estupradas e assassinadas. Em torno de 200 mortos desta forma, nós coletamos para proceder à identificação. Isto somente na área de combate da 1ª. e 561 Divisão de Infanteria.
2.No campo de tênis de Metgethen havia uma cratera formada por uma detonação, com aproximadamente 10 metros de diâmetro e quatro metros de fundura. No seu interior, na sua borda, no seu entorno e em cima da cerca do campo de tênis, bem como nas galhadas das arvores em volta encontravam-se pendurados cadáveres e partes de corpos humanos de aproximadamente 25 homens, mulheres e crianças. Entre os homens havia três ou quatro corpos de soldados da artilharia anti-aérea (Flak-Flugzeugabwehrkanone) e alguns homens em uniforme da polícia alemã. Em torno da cratera havia ainda alguns cadáveres de cavalos e carroças com roupas e pertences pessoais, provavelmente de fugitivos, tudo despedaçado. Partes de corpos humanos, como pedaços de braços, pernas e outros, encontramos num raio de até 200 metros do campo de tênis.
Evidenciava-se que as pessoas assassinadas foram arrebanhadas dentro da cratera do campo de ténis, as carroças colocadas em volta e em seguida detonado um artefato explosivo no interior e entre as vítimas encurraladas."
Averiguações
Documentos
Durante a Segunda Guerra Mundial, a sindicância e os trabalhos de identificação e documentação prosseguiam. Uma comissão especial fotografou centenas de cadáveres e protocolou depoimentos testemunhais. Parte desta documentação foi guardada no posto de trabalho de Sommer, que se tornou um centro de coleta de dados e posto de informações para parentes das vítimas. Em 02 de abril de 1945, um bombardeio dos aliados destruiu as instalações e os documentos.
Os acontecimentos em Metgethen são conhecidos principalmente através de testemunhas alemãs e de um álbum de fotos, contendo 26 fotografias, arquivado nos EUA, na Library of Congress, com o titulo original "Relato fotográfico sobre os alemães assassinados e violentados pelos bolcheviques em Metgethen" (Bildbericht über von den Bolchewisten ermordete und geschändete Deutsche in Metgethen) e uma anotação "O comandante da Sicherheitspolizei ( isto é, SiPo, Polícia de Segurança), em Köngsberg " ("Der Kommandeur der Sicherheitspolizei, Königsberg ").[2]
Controvérsias
Os crimes do Exército Vermelho contra a população civil alemã, e os semelhantes da Wehrmacht na Frente Oriental, especialmente a violação de mulheres, têm sido um assunto pouco exposto, ou mesmo tabu, na historiografia alemã.[3]
O que se passou em Metgethen foi mais divulgado após a publicação dum livro - A Terrible Revenge: The Ethnic Cleansing of the East European Germans, 1944–1950 - de Alfred-Maurice de Zayas, historiador e advogado americano, conhecido pela defesa dos direitos humanos. O historiador baseou-se nos documentos dos Arquivos Federais da Alemanha, e em entrevistas de testemunhas, algumas delas a viver nos EUA . O livro descreve os crimes cometidos contra populaçoes alemãs pela União Soviética, Polónia, Checoslováquia, Hungria e Jugoslávia no fim da Segunda Guerra Mundial. Rainer Ohliger nota que faltou contrastar as narrativas contidas no livro com as do lado russo, ou checo, ou polaco.[3]
"Alfred de Zayas revelou, com efeito, os alemães expulsos como seres humanos. Ele devolve-lhes uma humanidade que lhes foi literalmente tirada por Hitler, Estaline e os Aliados e depois retida figurativamente por historiadores e jornalistas" ,diz Charles M. Barber no prefácio do livro. [4]
Quanto ao próprio historiador, ainda na introdução da sua obra, comenta:" A expulsão e os horrores que a acompanharam não são fantasias exageradas dos historiadores revisionistas alemães. Estes eventos representam um episódio histórico de consequência considerável, e para compreender a história da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial até e após a reunificação,temos de entendê-los" (...) "Todas as vítimas de injustiça merecem o nosso respeito".[5]
Ver também
Notas de rodapé
Referências
Bibliografia
- Klonovsky, Michael - Preußen zahlt die Zeche: Hitlers Kreuzzug gegen den Bolschewismus führte zur Stalinisierung halb Europas und zur Auslöschung des Deutschtums im Osten. Der Krieg erlebte einen weiteren grässlichen Höhepunkt ( A Prússia paga a conta: A cruzada de Hitler contra o bolchevismo levou à estalinização de metade da Europa e ao extermínio do germanismo no Leste. A guerra atingiu outro clímax sinistro) -(artigo de 2005 na revista Focus, em língua alemã)
- Schön, Heinz: Tragödie Ostpreußen 1944-1948. Als die Rote Armee das Land besetzte - 1999
- Zayas - Alfred-Maurice de - A Terrible Revenge: The Ethnic Cleansing of the East European Germans, 1944-1950 - St. Martin's Press, 1993
Wikipédia
Saiba mais:
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