A Pesquisa de Opinião Pública Nacional, elaborada pelo Instituto Paraná Pesquisas, revelou que 62,5% dos brasileiros diminuíram a frequência de utilização de seu veículo particular, seja carro ou moto, devido aos recentes aumentos dos combustíveis.
No caso da gasolina, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro subiu 3,33% nas duas últimas semanas, passando de R$ 6,117 para R$ 6,321. No ano, acumula alta de 40,9%.
Em alguns Estados do Brasil, como o Rio Grande do Sul, a gasolina já é vendida a R$ 7,499. A região Sul, inclusive, é a que teve o maior percentual de motoristas abandonando os veículos próprios para economizar: 66,3%.
Na segunda posição, aparece o Sudeste, onde 63,4% reduziram a frequência de uso de carros e motos. No Rio de Janeiro (R$ 7,399) e em Minas Gerais (R$ 7,179), a gasolina ultrapassa a marca dos R$ 7.
Dentre as faixas etárias, quem mais sofre é o grupo de 25 a 34 anos — 69,8% tiveram que trocar os hábitos por causa do orçamento apertado.
Enquanto o consumidor pode se blindar em relação aos aumentos abandonando a gasolina, o mesmo não pode ser feito diante do diesel. Embora não seja usado para abastecer carros e motos, esse combustível tem o poder de contaminar a inflação como um todo.
Isso porque o diesel é usado nos caminhões que fazem chegar aos centros urbanos desde os alimentos até os bens duráveis. Além disso, é usado para abastecer algumas termelétricas. Dessa forma, o aumento pode pesar na conta de luz do consumidor, por exemplo.
“A gasolina é um item de luxo. O efeito do diesel é mais perverso porque acaba chegando às famílias indiretamente “, avalia o economista e pesquisador do FGV IBRE, André Braz.
Motivo
Segundo o economista e pesquisador, o preço dos combustíveis é afetado pelo valor do barril do petróleo e pela desvalorização do real. No caso da gasolina, ainda há interferência do preço do etanol anidro, que é adicionado.
“Com a crise hídrica, os canaviais foram prejudicados, o que afetou consequentemente a produção de etanol. Então, uma parte do reajuste da gasolina veio com a crise hídrica, e a outra, com o barril de petróleo, que segue a cotação internacional”, esclarece Braz.
O economista ainda afirma que o preço do barril de petróleo está subindo no mundo inteiro por causa do retorno à normalidade — após a redução do número de mortes com a vacinação contra covid-19 — e que ainda há espaço para novos ajustes até o fim do ano.
“O combate à covid foi levado a sério mais rapidamente em outros países. Além disso, países mais ricos puderam colocar mais dinheiro para aquecer a economia. Indústrias paradas voltaram a produzir. Essa logística cria o gargalo de oferta e demanda”, explica.
O Sul
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