segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Bolsonaro diz que novo aumento de combustíveis é iminente, mas nega tabelamento de preços

 


O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (22) que um novo aumento do preço dos combustíveis é “iminente”, e negou pretensão do governo em fazer tabelamento de preços.

No entanto, atualmente, a defasagem na gasolina está em 15% e no diesel em 18%, segundo dados da Abicom, associação que reúne as importadoras.

“Não existe da nossa parte o congelamento de preços. Sabemos que as consequências são piores que o aumento em si. Sabemos que estamos na iminência de mais um reajuste no combustível. E quando vai para o diesel influencia diretamente na inflação”, disse, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes.

O presidente também disse que não tem “ascendência” sobre a Petrobras.

“Nós sabemos que, aumentando o preço do petróleo lá fora e o dólar aqui dentro, o reajuste em poucos dias ou semanas, tem que ser cumprido na ponta da linha pela Petrobras.”

E complementou:

“Ou seja, a Petrobras, uma empresa que tudo que acontece que não seja bom, a responsabilidade é minha. Nós indicamos o presidente da Petrobras, mas não temos ascendência sobre ela.”

No ano, a Petrobras já reajustou o preço do diesel em 51,4% nas refinarias. No caso da gasolina, esse aumento chega a 61,9%.

Para fontes do setor, a estatal já deveria ter reajustado os valores dos combustíveis em relação aos últimos aumentos, feitos entre o fim de setembro e início de outubro.

Nos postos, o preço médio da gasolina, do diesel e do gás de botijão voltou a subir nos revendedores na última semana, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Bolsonaro defendeu ainda o auxílio de R$ 400 para mais de 700 mil caminhoneiros.

“O caminhoneiro merece ter atenção da nossa parte. Foi decidido um auxílio aos mesmos, que custará menos de R$ 4 bilhões ao ano.”

Reunião

Diante da possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros, representantes da categoria foram convidados para uma reunião no Palácio do Planalto no próximo dia 28.

O presidente da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros, o deputado Nereu Crispim (PSL-RS), afirmou que a ocasião servirá para que a classe apresente suas reivindicações ao governo.

A categoria, uma das mais tradicionais bases populares de apoio de Jair Bolsonaro, porém, tem se distanciado do presidente. Para reverter isso, há uma tentativa de reaproximação. Bolsonaro anunciou que pretende dar um auxílio de R$ 400 reais por mês, até dezembro de 2022, para 750 mil caminhoneiros. A notícia dividiu a categoria.

Crispim diz que a proposta do presidente não foi muito bem recebida:

“Muitos grupos acabaram criticando a fala do presidente, porque a categoria não quer ser parte de assistencialismo político.”

Segundo o parlamentar, vão participar da agenda representantes da Casa Civil e do Ministério da Infraestrutura, além de entidades ligadas ao setor. Procurados, porém, ambos os ministérios não confirmaram a presença dos chefes das pastas, Ciro Nogueira e Tarcísio Gomes de Freitas.

Os representantes dos caminhoneiros querem medidas concretas para que a política de preço de combustíveis seja alterada. Após um convite ser enviado à frente parlamentar pela Secretaria de Governo, a expectativa é que o Planalto faça a apresentação de uma proposta que já tramita na Câmara.

Trata-se do texto que cria um fundo para evitar a oscilação do preço dos combustíveis:

“Eu não sou a favor da paralisação, mas não podemos negar a essa categoria que reivindique melhorias de trabalho. Desde a primeira paralisação (no governo Michel Temer), quase nada foi atendido.”

E complementa:

“Com esses aumentos do óleo diesel, as confusões do Sete de Setembro (quando parte dos caminhoneiros deixou de apoiar Jair Bolsonaro), acabou qualquer perspectiva de melhoria para a categoria. No último dia 16 teve a reunião (de caminhoneiros) e se tornou insustentável”, disse Crispim.

Para a reunião, também foram convidados o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas – CNTRC, a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET); a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL); a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (ABRAVA).

Ainda foram chamados representantes do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens de Três Cachoeiras (SINDICAM) do Porto de Santos.

A classe tem pelo menos 13 pontos de reivindicação, sendo um deles a defesa da constitucionalidade do piso mínimo de frete. O assunto é alvo de questionamento no Supremo Tribunal Federal. Pedem ainda a aposentadoria especial com 25 anos contribuição ao INSS e concessão de subsídio para renovação de frota.

O Sul

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