terça-feira, 28 de setembro de 2021

Juros para famílias e empresas sobem em agosto, diz Banco Central

 Endividamento das famílias bate recorde de 59,9% em junho


As famílias e as empresas pagaram taxas de juros mais altas em agosto, de acordo com as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgada nesta segunda-feira, pelo Banco Central (BC). A taxa média de juros para pessoas físicas no crédito livre chegou a 40,9% ao ano, aumento de 1,1 ponto percentual em relação a julho e de 1,8 ponto percentual em 12 meses. Nas contratações com empresas, a taxa livre cresceu 0,7 ponto percentual no mês e 3,9 ponto percentual em 12 meses, alcançando 16,2% ao ano.

Para as pessoas físicas, o destaque foi para o cartão de crédito rotativo, que teve alta de 4,6 ponto percentual no mês, alcançando 336,1% ao ano. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias. Após o prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida. Nesse caso, no cartão parcelado, os juros ficaram estáveis no mês, em 163,7% ao ano.

Também influenciaram o crescimento de juros para as famílias as taxas do cheque especial, que teve alta de 0,9 ponto percentual (124,9% ao ano), de financiamento para aquisição de veículos, alta de 0,8 ponto percentual (22,7% ao ano), e o crédito pessoal não consignado, que registrou aumento de 0,7 ponto percentual (80,2% ao ano). Os juros do crédito pessoal consignado também subiram 0,1 ponto percentual no mês para 18,9% ao ano.

No crédito livre às empresas, houve incrementos na maioria das modalidades, especialmente em capital de giro, alta de 0,6 ponto percentual, para 16,2% ao ano; financiamento a exportações, aumento de 1,2 ponto percentual, chegando a 11,6% ao ano; e modalidades de crédito rotativo, que registraram alta de 10,8 pontos percentuais, alcançando 218,7% ao ano. O financiamento a importações também teve aumento de 7,8 ponto percentual, para 10% ao ano.

Crédito direcionado

Essas taxas são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado tem regras definidas pelo governo, e é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.

No caso do crédito direcionado, a taxa média para pessoas físicas ficou em 7,1% ao ano em agosto, alta de 0,1 ponto percentual no mês. Para as empresas, a taxa subiu 0,8 ponto percentual para 10% ao ano no mês passado.

No total, nas contratações de crédito livre e direcionado, a taxa média de juros do Sistema Financeiro Nacional (SFN) registrou aumento de 0,7 ponto percentual no mês e de 2,5 pontos percentuais em 12 meses, alcançando 21,1% ao ano.

A alta dos juros bancários médios ocorre em um momento de aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic. Depois de chegar ao menor nível da história no mês de agosto do ano passado, em 2% ao ano, a taxa Selic começou a subir em março deste ano e está em 6,25% ao ano, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

Endividamento recorde

A inadimplência (considerados atrasos acima de 90 dias) manteve-se estável pelo quarto mês consecutivo, em 2,3%, e estão nos menores níveis da história. Essa estabilidade foi observada tanto nas operações de crédito para pessoas físicas (2,9%), como para jurídicas (1,5%).

O endividamento das famílias, relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses, chegou ao recorde de 59,9% em junho, na série histórica iniciada em janeiro de 2005, refletindo o aumento das concessões de empréstimos. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, ficou em 37,1% no mês.

Já o comprometimento da renda, relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período, ficou em 30,9% naquele mês. Para esses últimos dados, há uma defasagem maior do mês de divulgação, pois o Banco Central depende de dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a renda das famílias.

Saldo das contratações

No mês passado, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos ficou em R$ 4,335 trilhões, um aumento de 1,5% em relação a julho. O crescimento em 12 meses da carteira chegou a 15,9% em agosto. O saldo do crédito correspondeu a 52,3% de todos os bens e serviços que o país produz - o Produto Interno Bruto (PIB).

O crédito ampliado ao setor não-financeiro, que é o crédito disponível para empresas, famílias e governos independente da fonte (bancário, mercado de título ou dívida externa) alcançou R$ 12,909 trilhões, crescendo 1,3% no mês e 15,7% em 12 meses.

A variação mensal refletiu crescimentos no mercado doméstico de 1,5% nos empréstimos e financiamentos e de 1,6% nos títulos de dívida. Já a dívida externa subiu 0,7% refletindo a alta cambial de 0,42% no mês. Na comparação interanual, o resultado se deve, principalmente, à elevação da carteira de empréstimos do Sistema Financeiro Nacional em 15,9% e de títulos públicos em 24,8%.


Agência Brasil e Correio do Povo


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