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quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Advogada de médicos da Prevent Senior diz que profissionais tinham que trabalhar mesmo estando com covid-19

 


A advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos da empresa Prevent Senior e presta depoimento da CPI da Covid nesta terça-feira (28), disse que mesmo os profissionais infectados pelo coronavírus tinham que trabalhar. Segundo ela, a orientação partiu da diretoria da empresa.

“As informações que me foram transmitidas é que sim, médicos e enfermeiros trabalharam infectados”, disse a advogada em resposta a pergunta do senador Humberto Costa (PT-PE).

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), perguntou então de quem partiu a orientação para eles trabalharem infectados.

“A orientação, na verdade, era diante, acredito eu, da escassez do corpo clínico”, disse ela, concluindo: “Partiu da diretoria da Prevent Senior, inclusive os superiores hierárquicos tinham essas informações.”

Na sequência, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) apresentou um requerimento para que seja solicitada ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal uma investigação sobre possíveis omissões do Conselho Federal de Medicina (CFM), do Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) na apuração de irregularidades envolvendo a Prevent Senior. O requerimento foi aprovado.

Hino

Ainda na sessão da CPI, a advogada afirmou que os médicos da operadora de saúde eram obrigados a cantar o hino da empresa, com a mão no peito. Ela acrescentou que a empresa tem um lema “obediência e lealdade” entre os donos.

“A Prevent Senior tem uma política um tanto quanto diferente. Há descrição de que nos anos de 2015, 2016 e 2017, a Prevent Senior, em alguns eventos, propagava um hino, que era o ‘hino dos guardiões’, profissionais responsáveis por fiscalizar as ações dos funcionários da empresa, e esses médicos eram obrigados a cantar o hino com a mão no peito”, disse Bruna.

A defensora declarou que os donos da empresa, que são também músicos de uma banda, cantavam enquanto os profissionais precisavam cantar. Entretanto, ela não lembra o hino, mas pediu que os médicos que tivessem acompanhando a CPI compartilhassem este conteúdo. “Acredito que seja muito importante para conhecimento da ideologia da empresa”, afirmou.

Bruna também afirmou que o lema “obediência e lealdade” foi instituído em 2015 e continua sendo utilizado até hoje, inclusive pelo diretor-executivo, Pedro Benedito Batista Júnior. Por coincidência, o lema era o mesmo da SS nazista, uma organização paramilitar ligada ao Partido Nazista e a Adolf Hitler na Alemanha Nazista.

“Lema esse que ele [Batista Júnior] levou muito a sério e propagou para todos os seus subordinados. É lema da empresa, sempre foi lema, e continua sendo propagado. É graças a esse lema que a empresa continua usando a política de coerção”, afirmou a advogada.

A declaração ocorreu após Randolfe pedir a apresentação de uma mensagem de WhatsApp enviada por Pedro Junior, que falava que nenhum paciente paliativo recebesse alta sem passar por ele e ainda lembrar do lema da empresa: “Lealdade e Obediência”.

Em depoimento na semana passada, Batista Júnior afirmou que o lema teria sido criado em 2017 por um ex-diretor, não estando mais em vigor na empresa.

O Sul

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