Chuveiro pode equivaler a 400 lâmpadas acesas; especialistas recomendam adotar velhas práticas
SÃO PAULO
A conta de luz do brasileiro vai continuar cara –e a previsão é que suba ainda mais, com a contratação de energia gerada por térmicas, mais cara, para que o governo evite o risco de apagão.
Na maior crise hídrica dos últimos 91 anos, o Brasil já perdeu o equivalente a meia Itaipu com o esvaziamento de reservatórios de hidrelétricas –e a situação deve se agravar, porque o fenômeno La Niña pode reduzir em até 30% as chuvas previstas para os próximos meses e prejudicar ainda mais as usinas.
Diante disso, resta ao consumidor economizar para mitigar os efeitos do tarifaço –especialistas calculam que o último repasse integral de custo de energia deve elevar a conta de luz em 15% na conta de luz.
Paulo Guedes pressionou o governo para que a nova bandeira tarifária (vermelha 2) passe a valer R$ 14 e vigore por até sete meses. A expectativa era que o reajuste fosse aprovado nesta sexta-feira (27), mas a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) só decidiu manter a atual bandeira para setembro sem definir os novos valores.
Desta forma, o valor a mais que incide nas contas passaria dos atuais R$ 9,49 a cada 100 kWh para cerca de R$ 14 —um aumento de aproximadamente 50%.
O governo já anunciou diretrizes para a redução de consumo de energia na indústria, além de um plano de descontos na conta de luz para os consumidores regulados (ligados a distribuidoras) residenciaise empresariais que se dispuserem, voluntariamente, a economizar energia.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu aos brasileiros que apagassem "um ponto de luz em casa" para ajudar na economia de energia. Mas o vilão, apontam especialistas, são outros.
Um dos responsáveis pela conta de luz alta são aparelhos que usam energia para aquecer ou resfriar, como chuveiro elétrico, geladeira, ar condicionado e aquecedores.
“Esses são equipamentos de alto consumo energético e, geralmente, costumam ter alta potência”, diz Luiz Henrique Ferreira, presidente-executivo e fundador da Inovatech Engenharia.
A título de comparação, um chuveiro tem no mínimo 4.000 watts de potência, enquanto uma lâmpada de led costuma ter 7 watts.
“Colocando na ponta do lápis, um banho pode equivaler a 400 lâmpadas ligadas”, diz Ferreira. Para aliviar a conta no fim do mês, o especialista recomenda reduzir o tempo no chuveiro, atualizar o equipamento e evitar usar a máxima potência em ocasiões desnecessárias.
Para melhorar a eficiência dos eletrodomésticos –e, assim, reduzir o consumo de eneriga–, Ferreira recomenda que não deixar a geladeira ao lado do fogão, além de respeitar a distância mínima dos aparelhos em relação à parede. As recomendações costumam vir do próprio fabricante.
Recomendações antigas como evitar abrir a geladeira sem necessidade, acumular roupas para passar todas de uma vez e usar o ar condicionado de portas fechadas continuam valendo, diz Marcos Rosa dos Santos, professor de engenharia elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia.
Em regiões frias, o uso do aquecedor também pode ser um fator para aumentar a conta. “Os aparelhos com resistência têm um ventoinha que sopra o ar e joga o ar quente no ambiente, o que demanda bastante energia”.
COMO REDUZIR A CONTA DE LUZ
- Evite o stand-by
Aparelhos em stand-by também consomem energia. Essa ação pode representar até 12% do consumo total do aparelho
- Chuveiro
Escolha um modelo de potência menor e não demore no banho
- Borracha nova
As borrachas garantem a vedação de geladeiras. Se estiverem velhas, podem aumentar o consumo em até 30%
- Ar condicionado limpo
Manter o filtro limpo evita que o temporizador seja acionado várias vezes para manter a temperatura
- Ligar o ferro só uma vez
Acumular roupas para passá-las de uma vez evita gastos desnecessários
As air fryers, que caíram no gosto popular nos últimos anos, também entram para a lista de aparelhos que aumentam gastos. “Todo aparelho que tem alta resistência pode dar alterações na conta do fim do mês”, diz Santos.
Para quem segue no home office, não precisa ser tão cauteloso com notebooks e carregadores de celular, já que são aparelhos que demandam pouca energia. Segundo Luiz Henrique Ferreira, um computador ligado por 8h equivale a 24 minutos de banho.
“Existem modos para reduzir o consumo, também, apesar de não ser tão expressivo”, afirma Santos. É o caso de deixar o aparelho no modo "hibernar" quando não estiver em uso, já que ele continua ligado, mas com menos funções ativas.
Com o avanço da tecnologia, novos produtos novos no mercado também ajudam a reduzir o consumo. Lâmpadas e tomadas inteligentes ajudam a controlar a intensidade e o horário de funcionamento dos aparelhos.
Fonte: Folha Online - 29/08/2021 e SOS Consumidor
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