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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Expositores do Brique da Redenção contestam presença de ambulantes

 Número de vendedores não regulamentados em feira tradicional de Porto Alegre cresceu em decorrência da pandemia



Além das bancas regulamentadas que trabalham no Brique da Redenção, feira semanal a céu aberto, que funciona no canteiro central da avenida José Bonifácio, o espaço tem sido ocupado por ambulantes, situação que tem causado descontentamento dos empresários que estão habilitados. A Comissão Deliberativa do Brique da Redenção há mais de ano solicita intervenção da Prefeitura de Porto Alegre para evitar concorrência com trabalhadores irregulares. Equipes de fiscalização tem comparecido nos fins de semana para inibir a atuação desse grupo.

O chefe de fiscalização da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Smed), Antônio Amadori, disse que ações conjuntas com a Guarda Municipal têm ocorrido aos sábados e domingos. Ele salienta que o número de ambulantes nessa região aumentou devido à pandemia do coronavírus, que aumentou o desemprego. “A presença dessas pessoas neste ano é mais alta do que verificamos em 2020”, relata.

Amadori evidencia que a atuação tem o intuito de prestar orientação, sendo que as mercadorias não estão sendo apreendidas. “Não queremos tirar a subsistência desse grupo neste momento, nosso objetivo é evitar que vendam neste local”, reforça. A maioria dos vendedores ilegais oferece aparelhos eletrônicos e muitos são africanos que vieram para o Estado. O gestor afirmou que a equipe permanece no local das 8h às 17h.

 Foto: Guilherme Almeida

A expositora Lizaura Marques de Castro Rosa, diverge do horário de vigor da fiscalização. “Eles ficam até meio-dia”, afirma. Lizaura completa dizendo que os ambulantes esperam os agentes municipais saírem para vender os seus produtos. “Eles se posicionam do outro lado da calçada, sendo que a característica do brique é montar as bancas no canteiro central”, explica. Há 36 anos no Brique vendendo antiguidades, a empresária relata que sempre teve ambulantes, mas com a pandemia, o cenário se agravou. “Não tenho nada contra as pessoas trabalharem e entendo que precisam, mas não aqui onde vendemos apenas uma vez por semana”, esclarece.

O expositor José Jorge Farias, que está há 42 anos vendendo antiguidades, reitera que a presença de ambulantes é um desconforto. “Somos habilitados e agora temos que dividir espaço com pessoas que não estão regularizadas”, enfatiza.

Mais de 40 anos de história

O representante da Comissão Deliberativa do Brique da Redenção, Jeferson Martins, explica que a presença de camelôs não está em harmonia com a proposta do Brique da Redenção. “São quatro segmentos compostos por empresários que vendem há anos o mesmo produto, no mesmo local, o que já é uma tradição”, destaca. Martins acrescenta que, no último domingo, foi preciso acionar a Brigada Militar para defender uma expositora. “Um camelô montou a banca no lugar que é dela e não queria sair, o que quase resultou em agressão física”, ressalta.  O expositor afirma que se a fiscalização ficasse até umas 15h ou 16h, o evento poderia ter mais controle.  

O Brique da Redenção é patrimônio cultural do Estado desde 26 de outubro de 2005, pela Lei 12.344. A feira começou em 1978  na rua José Bonifácio, onde ocorre até hoje. São 300 expositores distribuídos em quatro setores por atividade produtiva, sendo artesanato (180 expositores), artistas plásticos (40 expositores), antiquários (70 expositores) e 10 espaços para alimentos

Em 1984, houve a criação do regulamento da Feira de Artesanato do Bom Fim. Em 26 de outubro de 2005 foi sancionada a Lei 12.344 que declarou o Brique da Redenção integrante do patrimônio cultural do Rio Grande do Sul.

R7 e Correio do Povo


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