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terça-feira, 31 de agosto de 2021

Cavalgada de mulheres e homenagens no Piratini marcam bicentenário de nascimento de Anita Garibaldi

 Evento “Triunfo à Anita Garibaldi” contou com a participação de policiais femininas da Brigada Militar e de integrantes do Instituto Anita Garibaldi



O bicentenário de nascimento de Anita Garibaldi, heroína da Revolução Farroupilha (1835-1845), foi comemorado na tarde desta segunda-feira com um desfile de cavalarianas e um evento no Palácio Piratini. A cavalgada “Triunfo à Anita Garibaldi”, com a participação de policiais femininas da Brigada Militar e de integrantes do Instituto Anita Garibaldi, iniciou os festejos na Praça Júlio Mesquita, em frente ao Gasômetro, de onde partiu em direção ao Palácio Piratini. O trajeto foi feito em apenas 12 minutos pela rua Duque de Caxias. “É uma honra como mulher participar deste desfile em homenagem aos 200 anos de nascimento de Anita Garibaldi. Ela foi a precursora da mulher a cavalo, da mulher guerreira. Somos todas Anita”, disse a tradicionalista Sandra Abech, que conduziu a bandeira com o rosto da homenageada.

Quinze cavalos, sendo que 10 estavam sendo montados por brigadianas do 4º Regimento de Polícia Montada, partiram rumo ao Piratini. “Estou orgulhosa de participar representando outras mulheres nesta homenagem para Anita”, contou a soldada Laura. Montada no cavalo Jubilado D’Los Brittes, animal vindo de Barra do Ribeiro, a porta-bandeira Sandra e as demais foram acompanhadas por olhares curiosos de quem passava na rua ou estava nas janelas dos edifícios. “Vou pedir uma carona para uma mulher dessas. Está na moda”, comentou uma senhora que transitava pelo local.

Na chegada ao Piratini, houve uma recepção e discursos. A bandeira foi entregue para as duas filhas da própria cavalariana – Karine Ereno e Bárbara Anita. “É uma honra recebê-las em nome do governador. Agradeço a essas mulheres lindas que estão aqui representando todas as demais. Viva Anita Garibaldi!”, afirmou a secretária estadual da Cultura, Beatriz Araujo, que representou o governador Eduardo Leite no evento.

A presidente da comissão do bicentenário de Anita Garibaldi, Elma Sant’Ana, foi uma das presentes mais prestigiadas por todos. “O bicentenário foi um decreto oficial feito pelo nosso governador em fevereiro. O Instituto Anita existe há 29 anos e nós sempre realizamos este reverenciamento para a história da Anita. O Palácio é o lugar mais bonito que ela poderia estar, mesmo sem ela ter conhecido. Estamos resgatando a história dela para os gaúchos. Foi aqui que ela ganhou seu primeiro filho, o único brasileiro, Menotti Garibaldi, que nasceu em Mostardas em plena Revolução Farroupilha. Ela merece estar no Livro dos Heróis da Pátria”, destacou Elma.

No evento houve a leitura de uma carta em homenagem à Anita. Na sequência foi exibido um breve vídeo com o depoimento de um bisneto italiano da heroína, chamado Giuseppe Garibaldi. O lançamento da exposição “Anita Garibaldi entre Tempos e Acervos” teve a apresentação da

historiadora do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS), Luciana de Oliveira. A exposição será itinerante, e também virtual, e circulará por diferentes instituições do Rio Grande do Sul. A festividade teve ainda o lançamento da edição impressa do Caderno de Anita, obra de Elma Sant’Ana, que conta a trajetória da guerreira.

Foi exibido um clipe, com a participação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) e do coro das cantoras Marlene Pastro, Maria Luiza Benites, Loma, Shana Müller e Luiza Barbosa. A última cantou uma música depois de dirigir palavras aos presentes. “A Anita representa o empoderamento da mulher. Eu trago a Anita como outras mulheres também trazem. Viva Anita!”, bradou Luiza, que deverá interpretar a heroína durante a infância em um filme de cinema a ser lançado.

História - Engana-se quem pensa que Ana Maria Ribeiro da Silva, conhecida como Anita Garibaldi, nascida em 30 de agosto de 1821, em Laguna (SC), é um símbolo apenas entre os gaúchos. Reverenciada como “heroína de dois mundos”, por suas façanhas nos continentes americano e europeu, esta mulher de muita coragem e determinação participou de três batalhas por três países diferentes – Brasil, Uruguai e Itália. No Rio Grande do Sul esteve na Revolução Farroupilha, onde mostrou o empoderamento feminino em uma época em que o termo sequer era conhecido. Em terras uruguaias combateu exércitos de invasores. Na Itália dedicou-se à unificação do país.

Anita tinha apenas 18 anos quando conheceu o revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi, por quem decidiu deixar o marido, o qual era casada desde os 14 anos. Nas batalhas, Anita conduziu colunas em marcha, organizou hospitais de campanha para cuidar dos feridos e também combateu os inimigos. Chegou a carregar e disparar canhões na batalha de Laguna e lutou durante o combate em Imbituba (SC).

Um dos fatos mais marcantes de sua vida ocorreu quando ela, grávida do primeiro filho, foi capturada pelas tropas do Império durante a Batalha dos Curitibanos. Anita escapou pelo rio Canoas, no lombo de um cavalo, indo ao encontro de Garibaldi em Vacaria.

A heroína, que teve quatro filhos, morreu de febre tifoide pouco antes de completar 28 anos e grávida de cinco meses. A morte aconteceu em 4 de agosto de 1849, em Mandriole, na Itália. Os restos mortais estão em um monumento da Colina do Gianícolo, em Roma. Anita está inscrita no Livro dos Heróis da Pátria, no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília. Atualmente, há museu, cidades, ruas, praças, livros, revistas, documentários, exposições e monumentos em homenagem à Anita Garibaldi.

Outra homenagem - A catarinense Anita Garibaldi também foi homenageada em sessão especial no Senado Federal, nessa segunda-feira, pelo bicentenário de seu nascimento. Presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Edson Lemos, que representou o governador de Santa

Catarina, Carlos Moisés da Silva, afirmou que mais de 160 eventos alusivos estão sendo organizados em todo o estado. “Quero dizer que a história de Anita é tão atual e tão vivenciada por milhões de Anitas por este Brasil afora, essa guerreira que deu seu sangue, que foi mulher, que foi esposa e que, acima de tudo, deixa um legado, principalmente para as mulheres nos dias de hoje.”

Correio do Povo


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