A imunização contra a covid-19 está avançando aos poucos no Brasil e, com isso, o número de voluntários para testes clínicos de novas vacinas está diminuindo.
Onze farmacêuticas estão autorizadas pela Anvisa a fazer estudos clínicos de vacinas contra a Covid no Brasil. Seis já iniciaram os testes. Mas o cenário para esses estudos é completamente diferente em comparação com 2020.
Parte da população já recebeu pelo menos uma dose de algum imunizante ou teve contato com o coronavírus – o que pode tornar as pesquisas mais complexas e demoradas.
No Rio grande do Sul, cerca de 100 voluntários já desistiram de participar dos testes da vacina chinesa Clover por medo de receber o placebo, uma substância sem efeito.
“O grande desafio é a gente convergir a faixa etária de modo que seja diferente do programa nacional de imunização. Nós já começamos a ter algumas desistências ou que a gente chama de um pedido para sair do estudo para poder receber a vacina”, diz o coordenador da pesquisa na UFSM Alexandre Schwarzbold.
O virologista Maurício Lacerda acredita que os estudos das novas vacinas podem levar mais tempo e terem um custo maior.
“Daqui para frente, nós vamos diminuir o número de casos por causa da vacinação. Nós não teremos uma população para fazer o estudo com placebo. Então, nós vamos ter que fazer outros tipos de estudos que vão demorar mais tempo”, explica.
Na sexta-feira (16), começaram a ser imunizados os voluntários da primeira fase do estudo da Butanvac, que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan.
A pesquisa vai ser pioneira no país ao testar uma nova vacina contra a Covid em voluntários que já receberam outros imunizantes.
“Em vez de ser um estudo que vai comparar com o placebo, ele vai comparar com uma outra vacina e a gente vai ver se ele é tão eficaz quanto as outras vacinas já existentes”, destaca Rodrigo Calado, coordenador dos testes clínicos da Butanvac.
A vacina, chamada ButanVac, é fruto da cooperação e transferência de tecnologia entre o Instituto Butantan e a indústria farmacêutica chinesa Sinovac.
A tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína Spike do novo coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor é o da doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Essa tecnologia foi desenvolvida por cientistas na Icahn School of Medicine de Mount Sinai, em Nova York. A proteína S estabilizada do vírus SARS-CoV-2 utilizada na vacina com tecnologia HexaPro foi desenvolvida na Universidade do Texas em Austin.
A principal vantagem da ButanVac é que sua produção é inteiramente brasileira e não depende de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) de outros países. As informações são do Jornal Nacional e da Agência Brasil.
O Sul
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