Pesquisadores americanos descobriram um anticorpo que pode combater as variantes do Sars-CoV-2 e também outros coronavírus. Os especialistas identificaram a supermolécula de defesa do corpo ao avaliar amostras sanguíneas de indivíduos com covid-19 e testar, em laboratório, o desempenho dessas células protetoras. A descoberta foi publicada na revista Nature e pode contribuir para o desenvolvimento de tratamentos e vacinas mais potentes.
Diante do aumento de casos da doença causado pelo surgimento de variantes genéticas do coronavírus, os cientistas saíram em busca de uma célula imune mais potente, capaz de controlar as cepas mais transmissíveis.
“Essas variantes carregam mutações no DNA que as fazem mais resistentes ao sistema de defesa do corpo. Um anticorpo ideal para combater o novo coronavírus precisa resistir a esse escape viral”, informam os autores do artigo, liderados por Tyler Starr, bioquímico e membro do Centro de Pesquisa do Câncer Fred Hutchinson, nos Estados Unidos.
Os cientistas examinaram 12 anticorpos, selecionados em uma pesquisa realizada por uma empresa de biotecnologia também estadunidense. Para proteger o corpo humano do vírus, as células de defesa se prendem a fragmentos do patógeno, impedindo, assim, que células sejam infectadas. “Esses fragmentos de proteína são chamados domínios de ligação ao receptor. Nós observamos como esse grupo de moléculas realizava essa tarefa”, relatam.
Por meio de uma análise genética detalhada, os especialistas avaliaram o desempenho dos 12 anticorpos ao combater o coronavírus e também a capacidade das células de defesa de se ligarem a domínios de patógenos que fazem parte da mesma família do Sars-CoV-2, a sarbecovírus.
Um dos anticorpos estudados, o S2H97, se destacou pela capacidade de aderência aos domínios de ligação de todos os sarbecovírus testados. A molécula de defesa foi eficaz também contra uma série de variantes do vírus da covid-19 em testes feitos com células humanas e ratos. “Esse é o anticorpo mais interessante que já descrevemos”, enfatiza Starr em uma entrevista à revista Nature.
Ação focalizada
Após a realização de um exame minucioso na estrutura molecular do superanticorpo, os especialistas observaram que ele age em uma área do coronavírus que é exposta apenas no momento da infecção, quando o vírus se conecta a células humanas. Isso, segundo os cientistas, pode explicar a sua alta eficácia no combate ao vírus, considerando que esse fenômeno não ocorre com outras moléculas.
Os autores adiantam que mais pesquisas precisam ser feitas para comprovar o efeito protetor do S2H97, mas acreditam que imunizantes e novos tratamentos podem ser desenvolvidos utilizando o superanticorpo como matéria-prima.
“É uma boa notícia que essa equipe tenha identificado anticorpos que podem se ligar a uma variedade de sarbecovírus. Mas a maior questão que permanece é: ‘E os vírus que ainda não sabemos que existem?'”, opina, em um comentário publicado na mesma edição Nature, Arinjay Banerjee, virologista da Universidade de Saskatchewan, no Canadá.
“Embora os cientistas não possam testar a atividade desse anticorpo contra um vírus desconhecido, os tratamentos e as vacinas com esse anticorpo podem ajudar o mundo a se preparar para lutas contra um próximo coronavírus de origem animal que possa vir a atingir os humanos”, complementa a especialista.
O Sul
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