Líder do governo teria sido citado pelo presidente Jair Bolsonaro como alguém possivelmente envolvido no esquema suspeito da compra da Covaxin
Após ser pressionado por horas pelos senadores da CPI da Covid, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) acabou admitindo na noite desta sexta-feira que o parlamentar citado pelo presidente Jair Bolsonaro como alguém possivelmente envolvido no esquema suspeito da compra da Covaxin é líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR).
Miranda ainda deu mais detalhes de como Bolsonaro teria reagido ao relato seu e de seu irmão na reunião de 20 de março. Para o deputado, o presidente deu a entender que estaria "amarrado" e sem "força de combater" o problema. "O que eu percebi, sem querer proteger, o presidente demonstrou atenção ao que estávamos falando. Ele cita para mim assim: 'Você sabe quem é, né? Que ali é f*, se eu mexo nisso aí, já viu a m* que vai dar. Isso é fulano, vocês sabem que é fulano né?'", relatou Miranda.
"(Deu a entender) que nesse grupo específico não tinha a força de combater. Ele fala o nome, mas não tem certeza também. Fala assim: 'Deve ser coisa de fulano (palavrão), mais uma vez... Vou acionar o DG da PF para investigar'. Não foi uma ação de conivência, foi de 'Estou amarrado'", disse Miranda.
Líder do governo
Antes que Miranda reconhecesse, o nome de Barros já tinha vindo à tona pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues. Ele afirmou que a fiscal do Ministério da Saúde que deu aval ao procedimento de importação da Covaxin foi nomeada por Barros, quando era ministro da Saúde. Ele foi titular da pasta durante o governo Michel Temer.
No centro das apurações sobre o processo de aquisição da vacina indiana, o empresário Francisco Emerson Maximiano atua no setor farmacêutico há mais de uma década. Seu nome é tido como próximo de Barros. Maximiano é dono de empresas que tiveram contratos contestados por órgãos de investigação em gestões do MDB e do PT, além de uma série de processos judiciais de cobranças de dívidas.
Global
A Global já teve contratos com o governo federal. Enquanto Ricardo Barros era ministro da Saúde, a empresa vendeu, mas não entregou, remédios de alto custo ao ministério, um prejuízo estimado em R$ 20 milhões aos cofres públicos. O Ministério Público Federal move uma ação contra a empresa e, contando os danos coletivos, cobra R$ 119 milhões da Global na Justiça.
R7 e Correio do Povo
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