NÃO SEJA UM IDIOTA

 Apesar de todo mundo se achar diferente temos muitas coisas em comum. Uma delas é a necessidade de estar do “lado certo” dos acontecimentos e ter certeza sobre as coisas, na psicologia isso se chama cognitive ease. A repetição frequente pode ser suficiente para convencer as pessoas a acreditarem em coisas que não são verdadeiras porque a familiaridade gera uma sensação de cognitive ease. Ademais, a repetição por vários veículos e pessoas das mesmas afirmações nos leva a pensar que é impossível que tantos estejam mentindo. Quando a situação tem um "lado certo" então, se torna quase obrigatório fazer parte da maioria, nem que seja na sua "bolha" das redes sociais.

 Você um dia dever ter se perguntado: como alguém pode ser feliz nascendo e vivendo no regime autoritário norte-coreano? Fácil, cognitive ease. Ouça todos os dias desde que nasceu que os Estados Unidos é um inimigo potencial invasor e que o ditador do momento é um semideus que te protege de todos os males e você passa a acreditar e se sentir bem com isso. Mas, ninguém questiona? Sim, mas quem questiona, morre. Dessa maneira, considerando que não é fácil mudar a situação, todos tem incentivos para acreditar no que o regime quer que eles acreditem e tentar seguir vivendo de uma forma que se sinta bem consigo mesmo. O resultado é um processo de idiotização da população. Terrível, não?

 Pois bem, a meu ver a pandemia desencadeou um processo de idiotização no mundo ocidental e isso, embora permita políticos obterem benefícios no curto prazo, é extremamente danoso para a sociedade. Rapidamente se formaram verdades absolutas que não podem de forma alguma ser questionadas sob pena de morte para a reputação de quem questionar. A primeira verdade é que medidas restritivas (muitas vezes chamadas de lockdown, embora não seja muito claro o que esta expressão significa) que limitam o funcionamento de atividades econômicas e incentivam o isolamento de não pacientes é capaz de controlar a propagação do vírus. A segunda verdade é que não existe qualquer hipótese de que exista um tratamento da doença causada pelo vírus com medicamentos. Não existe e nunca existirá. QUEM OUSA QUESTIONAR PELO MENOS UMA DELAS É CONDENADO A SER CHAMADO DE LUNÁTICO, NEGACIONISTA GENOCIDA.

 Isto é um absurdo! Questionar é o fundamento básico da ciência e ter liberdade para isso é a base da democracia! A avaliação de políticas públicas de saúde, tal como as medidas restritivas implementadas na pandemia, não pode ser feita tendo como base as suas intenções, modelos de simulação ou a opinião de quem quer que seja. Seus custos e benefícios devem sim ser avaliados. O mesmo vale para remédios e, claro, vacinas. Na ciência existem protocolos bem estabelecidos para separar ideias boas das ruins (que também tem seus problemas) e posso garantir que nenhum deles envolve a opinião de jornalistas, políticos, influenciadores digitais e ou profissionais que nunca fizeram uma pesquisa na área ou uma pesquisa em qualquer área.

 Nesse momento muitas vacinas vêm sendo testadas e aplicadas, assim como cerca de 20 medicamentos. Alguns medicamentos com mais sucesso do que outros, mas o ponto é que estamos em uma pandemia de uma doença que já matou 500 mil pessoas no Brasil e quase 4 milhões no resto do mundo, então tudo deve ser tentado, tanto medicamentos quanto vacinas! Eles são complementares, não são e nunca serão substitutos.  Portanto, deixe os médicos e os cientistas de verdade trabalhar em paz! Pode ter certeza que se tem alguém preocupado com as vidas são eles, não os políticos ou jornalistas.

 Assim, não contribua para destruir a reputação de alguém que faz algo que você é incapaz de avaliar. Em 2021 não cabe mais termos uma nova inquisição. Estar do lado certo traz bem-estar, mas nesse caso, se você está contra a forma que a ciência se desenvolve, contra a avaliação de políticas públicas, contra a pesquisa de novos medicamentos e novas vacinas e, no limite, contra o pensamento crítico, não tem a menor chance de você estar do “lado certo”. Portanto, não seja um idiota. Ouça a todos, estude e faça seu próprio julgamento de forma crítica.

 

Autor desconhecido

Pontocritico.com