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quarta-feira, 2 de junho de 2021

Egito estende prisão de médico por abuso

 Victor Sorrentini está preso desde domingo, após caso de assédio na cidade de Luxor


O Ministério Público do Egito renovou na terça-feira, 1º, a detenção preventiva do médico brasileiro e influenciador Victor Sorrentini por mais quatro dias. Sorrentini está preso desde domingo, após ter publicado em seus stories no Instagram um vídeo em que é visto assediando verbalmente uma vendedora de papiros na cidade de Luxor, no Egito.

Na publicação, o médico filma a vendedora enquanto ela demonstra o processo de produção do papiro. "Elas gostam é do bem duro. Comprido também fica legal, né?", diz à mulher, em português, referindo-se ao galho de papiro que ela segurava. A vendedora sorri, constrangida, sem entender o que o médico dizia.

O caso chegou às autoridades egípcias após a mobilização de brasileiros que compartilharam o vídeo nas redes sociais e entraram em contato com ativistas no Egito. Um dos primeiros a se mobilizar foi o empreendedor e pesquisador do setor de cerâmica Fabio Iorio. "Eu não o conhecia. Uma grande amiga minha pediu para eu entrar no perfil dele. Eu entrei sem pretensão alguma, só para assistir aos stories e ver sobre o que ele falava", contou ao Estadão.

O empreendedor diz ter ficado chocado com as imagens publicadas pelo médico. "Mandei uma mensagem no privado dizendo que aquilo que ele estava fazendo era uma agressão. Ele deu print nas telas e postou nos stories seguintes." Após ter suas mensagens expostas, Iorio repostou o vídeo de Sorrentini nos seus stories e marcou alguns ativistas e jornalistas. O vídeo viralizou nas redes sociais e chegou até a empreendedora Luciana Cristina, que decidiu encontrar a mulher assediada pelo médico.

Cristina entrou em contato com um colega que trabalha no setor de turismo no Egito e pediu ajuda para localizar a loja de papiro. Por recomendação deste colega, conheceu a Speak Up, uma iniciativa feminista voltada para o suporte de vítimas de violência no país. A ativista Gehad Hamdy, rapidamente expôs o caso nas redes sociais. O vídeo de Sorrentini viralizou no país e gerou grande comoção. "Ela não teve a oportunidade de se defender. Isso foi o suficiente para que todos aqui se recusassem a deixar este homem vagar livremente em nosso país," Hamdy disse ao Estadão. A vítima, cuja identidade é protegida pela lei egípcia, já foi localizada e chamada para depor.

Sorrentini foi formalmente acusado de expor a vítima a insinuação sexual verbal, cuja pena é de 6 meses até 3 anos de prisão e multa não inferior a EGP 5.000 (cerca de R$1.643). Se acusado de assédio sexual, o médico também pode ser condenado a um mínimo de 6 meses até 3 anos de prisão e multa não inferior a EGP 3.000 EGP (cerca de R$985), ou por uma dessas duas penalidades


Agência Estado e Correio do Povo


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