sábado, 1 de maio de 2021

Mortes de idosos com 80 anos ou mais por Covid-19 atingem menor proporção após início da vacinação

 Estudo da Ufpel mostra que grupo representa atualmente 13% do total de óbitos no país, metade do registrado em 2020


O número de mortes de pessoas com 80 anos ou mais reduziu consideravelmente desde o início da vacinação no Brasil. Um estudo liderado pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), publicado nesta sexta-feira, mostrou que os óbitos de idosos por Covid-19 que representavam 28% do total de mortes em janeiro caiu para 13% em abril, registrando o menor percentual para o grupo etário desde o início da pandemia. Em 2020, esse patamar era de 25% a 30%.

“Estudos têm demonstrado a associação entre vacinação e declínio no número de hospitalizações e mortes em populações como a de Israel, por exemplo. No entanto, até agora, nenhum dos estudos populacionais sobre mortalidade havia sido realizado em um cenário de predominância da variante P.1, como é o caso do Brasil”, disse o epidemiologista e líder do estudo Cesar Victora.

Para as análises, os pesquisadores utilizaram dados sobre mortes por Covid-19 e cobertura vacinal contra o coronavírus registrados pelo Ministério da Saúde no intervalo de 3 de janeiro a 22 de abril. Nesse período, o país registrou 171.454 mortes por Covid-19.

O número de óbitos por Covid-19 em todas as idades aumentou a partir do final de fevereiro em decorrência da rápida disseminação da variante P.1 em todo o país. No início de março, a nova cepa, identificada pela primeira vez em dezembro no estado do Amazonas, já respondia por mais da metade dos casos de infecção em oito dos dez estados brasileiros com dados disponíveis sobre sequenciamento genômico do vírus. No RS, a cepa também já é predominante. 

Os pesquisadores estimam que a redução observada corresponda à prevenção de aproximadamente 14 mil (13.824) mortes de pessoas de 80 anos ou mais durante o intervalo de oito semanas entre meados de fevereiro e abril. De acordo com as estimativas, se o número de mortes entre os mais idosos tivesse continuado no mesmo ritmo observado para grupos etários mais jovens, seriam esperadas 47.992 mortes contra as 34.168 registradas no período.

De acordo com o estudo, os atuais resultados de queda na mortalidade iniciando em fevereiro são compatíveis com um efeito protetor da primeira dose das vacinas, efeito este que é ainda mais alto a partir da segunda dose.

A vacina Coronavac representa mais de três em cada quatro doses de imunizantes administrados no Brasil, sendo a vacina Oxford/AstraZeneca responsável pela quase totalidade do restante. Os dados existentes não permitem estudar o impacto de cada tipo de vacina separadamente.

Estudo sugere proteção contra P.1

Uma outra conclusão apresentada pelo estudo da Ufpel é que os atuais resultados sugerem proteção pelas vacinas mesmo em um cenário onde a variante P.1 predomina. Isso reforça os resultados de pesquisas realizadas em Manaus e São Paulo entre profissionais de saúde vacinados nos primeiros meses de 2021, que evidenciaram proteção também a partir da primeira dose em populações afetadas pela variante.

“Uma vez que medidas não farmacológicas, como distanciamento social e uso de máscara, não estão sendo uniformemente aplicadas na maior parte do país, o rápido progresso da vacinação continua sendo a abordagem mais promissora para controlar a pandemia em um país onde quase 400 mil vidas já foram perdidas para a Covid-19”, concluiu o pesquisador. Ontem, o Brasil superou a marca dos 400 mil óbitos relacionados ao coronavírus. 


Correio do Povo


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