terça-feira, 11 de maio de 2021

Demanda por oxigênio apresenta tendência de queda no RS

 Fornecimento passou por momentos delicados no começo de 2021


A demanda por oxigênio no Rio Grande do Sul parece estar apresentando uma tendência de queda nas últimas semanas. Nos primeiros meses de 2021 a situação foi considerada complicada pelos fornecedores pois, depois do feriado de Carnaval, a necessidade do sistema hospitalar e dos pacientes que estavam precisando de equipamentos para recuperação estava elevada.

Na empresa Gasman, que opera em Porto Alegre e atende municípios da Região Metropolitana como Alvorada, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Guaíba e Eldorado do Sul, o atendimento é focado em pacientes que estão em recuperação domiciliar e clínicas particulares. De acordo com Auriane Pasetti, da Gasman, a procura reduziu, mas segue elevada para os níveis usuais.

"Comparando com o ano passado, no mesmo período, ainda temos bastante demanda", explicou. Segundo ela, o principal gargalo é a falta de cilindros para locação. "A recarga estamos conseguindo fazer normalmente na usina mas, por falta de cilindro, nem sempre conseguimos atender a todos os clientes", afirmou. A maior parte da demanda é justamente por gases medicinais como o oxigênio. A média da locação do cilindro é de R$ 60 e a recarga varia de R$ 110 a R$ 300, mais os equipamentos necessários para o uso do paciente.

A multinacional White Martins, que atua no mercado de fabricação de gases industriais e medicinais, informou que o fornecimento de oxigênio está sendo realizado regularmente, conforme contrato estabelecido com algumas unidades de saúde públicas e privadas do Rio Grande do Sul, o que corresponde a aproximadamente 30% da rede assistencial na região.

Além disso, a empresa destacou que o consumo de oxigênio entre os clientes medicinais na rede pública e privada têm apresentado uma sutil queda em todo o Estado, principalmente na Capital. No dia 22 de abril, por exemplo, o consumo de oxigênio líquido dos clientes medicinais atingiu o volume diário de 21.499 metros cúbicos de oxigênio líquido medicinal.

Há trinta dias, este volume era de 43.179 de metros cúbicos e há 60 dias era de 27.310 metros cúbicos. Isso representa uma queda de 50% em comparação com os últimos 30 dias e de 21% em comparação com os últimos 60 dias e aumento de 6% em comparação com dezembro de 2020.

Nas distribuidoras a diferença na demanda também foi percebida. De acordo com Cleverson Ribeiro, diretor da Ultra Air, empresa de Campo Bom que trabalha usualmente com os municípios de Sapiranga, Nova Hartz e Montenegro, o mês de março registrou aumento de pelo menos 500% nas solicitações de oxigênio. Segundo Ribeiro, a Ultra Air trabalha com pacientes que realizam terapia domiciliar por recomendação médica e com Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento.

No entendimento dele, é possível que a pressão no sistema hospitalar tenha aumentado a necessidade de gases medicinais nas UBSs e nas UPAs. "Foi bem intenso para nós, tivemos que criar algumas medidas para conseguir atender, mas deu tudo certo", afirmou. Conforme ele, as companhias que fornecem oxigênio possuem capacidade de produção suficiente para suprir a demanda, mesmo com o aumento significativo.

"As companhias que produzem no Estado direcionaram sua produção e mão de obra do envase para o oxigênio medicinal, então conseguiram dar mais atenção para esse produto. Em março, nós estávamos abastecendo os cilindros quase sete dias por semana, quando a normalidade é de dois a três dias por semana", explicou. 

Apesar de não haver riscos para o fornecimento de oxigênio no Rio Grande do Sul, Ribeiro ressaltou que a a falta de cilindros ainda preocupa. "Houve uma falta enorme e o preço subiu de uma forma muito acentuada. Além disso, o prazo de entrega que antes era de 30 a 45 dias, agora passou para seis a sete meses, pois as indústrias ficaram sobrecarregadas", detalhou. Ribeiro ainda acrescentou que esse ponto específico da oferta de cilindros ainda deve demorar para normalizar. "Espero que não voltemos a viver um momento como foi o mês passado", frisou. 

Nos hospitais, demanda está estabilizada em alto patamar

O aumento do uso de oxigênio é unanimidade entre os hospitais que mais recebem pacientes da Covid-19 na Capital. Tanto o Hospital de Clínicas, quanto o Hospital Conceição e o Hospital Moinhos de Vento registraram crescimento consiederável no consumo do gás medicinal. No Hospital de Clínicas de Porto Alegre, de acordo com a coordenadora de suprimentos, Simone Mahmud, consumo registrou aumento representativo, mas é considerado estabilizado e não há intercorrências. 

Em relação ao oxigênio líquido, a média histórica antes do atendimento de pacientes com a Covid-19, no Hospital de Clínicas, era de 125m³/h. No auge das internações por conta do novo coronavírus, esse número chegou a 380m³/h. Atualmente, segundo Mahmud, o uso de oxigênio no Clínicas está na faixa de 235m³/h. Quanto aos cilindros, a média histórica era de 9,2 por dia e hoje é uma média de 21 cilindros por dia. "Não temos tido problema com as entregas de cilindros, ela é feita diariamente, e o fornecedor tem atendido de forma regular e mantendo um volume adequado", destacou.

De acordo com o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Cláudio Oliveira, houve um aumento na demanda pelo oxigênio, pois houve um crescimento no número de pacientes atendidos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e nas emergências. No GHC, Oliveira explica que existem contratos da entrega de oxigênio nos tanques concentradores dentro do Hospital Conceição e também contratos para compra de cilindros pequenos e grandes, que foram mais utilizados na UPA.

"Nosso consumo de janeiro foi de aproximadamente 82 mil m³, envolvendo o Criança Conceição, o Conceição, a UPA e as Unidades Básicas de Saúde. Em fevereiro tivemos leve aumento chegando em 85 mil m³ e em março chegamos a passar 200 mil m³, foi o pico e agora, até 22 de abril, já foram 100 mil m³ no Conceição e temos uma projeção de consumo de 137 mil m³, que ainda fica acima dos meses de janeiro e fevereiro", detalhou Oliveira.

Segundo ele, os contratos com os fornecedores de gases medicinais está em dia e não há nenhum problema na entrega. "Toda vez que chega em 30% a quantidade de oxigênio nos tanques concentradores das nossas unidades, dispara um chamado para a empresa (que fornece o oxigênio) e ela vai com o caminhão tangue e abastece. Tínhamos uma média, entre janeiro e fevereiro, de dois abastecimentos por semana e em março chegamos a ter 4 abastecimentos para suportar a alta demanda", afirmou. Apesar do aumento, Oliveira reiterou que não houve nenhuma intercorrência neste período.

No Hospital Moinhos de Vento, conforme o superintendente administrativo do Hospital, Evandro Moraes, o consumo de oxigênio líquido em rede e cilindros aumentou cinco vezes durante a pandemia. "A oferta sempre foi normalizada, uma vez que possuímos contrato de longo prazo com o fornecedor, e realizamos, dentro do Plano de Ação para enfrentamento da COVID-19, a ampliação programada da estrutura instalada", informou, acrescentando que o Moinhos de Vento triplicou a capacidade de tanques de 10.000 para 30.000 m³.


Correio do Povo


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