Pleito ocorreu em meio a indignação com escândalo de passaportes
O partido conservador Disy, do presidente Nicos Anastasiades, venceu neste domingo as eleições gerais do Chipre, com 27% dos votos, segundo os resultados oficiais publicados à noite neste país da União Europeia (UE). As eleições foram celebradas em meio a uma forte indignação pelo escândalo dos "passaportes dourados", um programa que concedia passaporte em troca de investimentos e que foi abolido por acusações de corrupção.
A extrema direita aproveitou este contexto e a preocupação com a imigração, outro tema delicado nesta ilha do Mediterrâneo oriental, para sair fortalecida das urnas. O Partido Comunista Akel obteve 22% dos votos, enquanto o ultranacionalista Elam dobrou sua representação, passando de dois para quatro deputados, com 6,78% dos votos.
O partido Disy perdeu um assento e carece de maioria no Parlamento, o que obrigará o presidente Anastasiades a formar um governo minoritário. A taxa de participação foi de 63,9%, menor do que a de 66,7% de 2016, informou o diretor do pleito, Costas Constaninou, que a considerou, no entanto, "satisfatória", levando-se em conta que as eleições foram celebradas em plena pandemia de covid-19.
As eleições foram celebradas em áreas controladas pelo governo, que exclui o terço norte da ilha, onde se instalou um Estado turco-cipriota dividido. A ilha está dividida desde que o exército turco invadaiu o terço norte em 1974, em reação a uma tentativa de golpe de Estado para voltar a unir a ilha à Grécia. A autoproclamada República Turca do Norte do Chipre (RTNC) é conhecida apenas por Ancara.
"Há um eleitorado muito descontente, farto da elite política e do Parlamento", afirmou Hubert Fautsmann, professor de História e Ciência Política da Universidade de Nicósia. "O povo está farto da corrupção". Em novembro, o Chipre abandonou seu controverso plano de passaportes por investimentos depois que uma reportagem da Al Jazeera mostrou jornalistas fazendo-se passar por intermediários de um empresário chinês que queria obter um passaporte cipriota, apesar de ter antecedentes criminais.
O Parlamento ficou no olho do furacão depois que seu presidente e um deputado da oposição foram filmados com uma câmera oculta tentando, supostamente, facilitar a concessão do passaporte ao investidor chinês. Ambos se demitiram. O outro tema da campanha foi a imigração, especialmente delicado uma vez que o Chipre é o país com o maior número de demandantes de asilo por habitante na UE, segundo a agência europeia de estatísticas Eurostat.
AFP e Correio do Povo
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