Conflito deve voltar a ser discutido na quinta-feira
O Conselho de Segurança da ONU pediu no sábado (22) "total adesão" ao cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em sua primeira declaração unânime desde o início do conflito em 10 de maio, indicaram fontes diplomáticas.
"Os membros do Conselho de Segurança saudaram o anúncio de um cessar-fogo a partir de 21 de maio e reconheceram o importante papel do Egito e de outros países da região", acrescenta o documento aprovado até pelos Estados Unidos após a eliminação de um parágrafo sobre a condenação de violência no texto inicial. Além disso, o Conselho destacou "a necessidade imediata de assistência humanitária à população palestina, especialmente em Gaza".
Washington já havia rejeitado três declarações, além de um projeto de resolução francês que exigia o "fim imediato das hostilidades" e pedia "a entrega e distribuição, sem obstáculos, de ajuda humanitária" em Gaza. No texto de hoje, proposto por China, Noruega e Tunísia, o Conselho de Segurança pede o respeito absoluto ao cessar-fogo e assinala apenas que os países membros "lamentam as perdas civis causadas pela violência".
O Conselho também apoiou "o chamado do secretário-geral da ONU à comunidade internacional para reconstruir" o enclave palestino. Os membros do Conselho assinalaram que "é urgente restabelecer a calma" e reafirmaram "a importância de se alcançar uma paz completa baseada na concepção de uma região onde dois Estados democráticos - Israel e Palestina - convivam lado a lado pacificamente, com fronteiras seguras e reconhecidas".
O Conselho de Segurança deve voltar a discutir o conflito na próxima-quinta-feira, em sua reunião pública mensal sobre o tema, programada antes do início do confronto atual. Será sua quinta reunião sobre o assunto este mês, após quatro encontros de emergência.
Trégua
Pouco depois de a trégua entrar em vigor às 2h da madrugada de sexta-feira, os dois lados declararam vitória. O chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, celebrou uma "vitória estratégica" contra Israel e disse que "deu um golpe severo e doloroso que deixará profundas marcas" em seu adversário.
"Alcançamos os objetivos, é um sucesso extraordinário", disse o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, ao comentar a ofensiva israelense contra o território palestino, onde vivem cerca de dois milhões de palestinos. "Mais de 200 terroristas, entre eles 25 oficiais de alto escalão, morreram", afirmou.
No entanto, o cessar-fogo anunciado na quinta-feira à noite por ambas as partes não estabeleceu uma data limite para o fim dos combates e continua sendo frágil. O ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, disse que "nossos inimigos não têm nenhum certificado de imunidade", enquanto um porta-voz dos grupos armados palestinos em Gaza afirmou: "Nossa mensagem ao inimigo é clara: se voltarem, nós também voltaremos".
Entenda o conflito
Em 3 de maio, distúrbios eclodiram no bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, perto da Cidade Velha, durante uma manifestação em apoio às famílias palestinas ameaçadas de expulsão de suas casas para o benefício dos colonos judeus. No dia 7, dezenas de milhares de fiéis se reuniram na Esplanada das Mesquitas - chamada de Monte do Templo pelos judeus - para a última grande oração da sexta-feira antes do fim do Ramadã, mês de jejum muçulmano.
A polícia israelense reprimiu o movimento com granadas ensurdecedoras e balas de borracha. No dia 8, novos confrontos deixaram cem feridos em outras áreas de Jerusalém Oriental, de acordo com o Crescente Vermelho Palestino. Também há feridos entre os policiais israelenses.
Na noite de 10 de maio, o Hamas disparou foguetes contra Israel em solidariedade aos palestinos em Jerusalém Oriental. O Exército israelense, por sua vez, realizou bombardeios em retaliação contra Gaza. Na ocasião, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, afirmou que o Hamas "cruzou a linha vermelha".
No dia seguinte, o Hamas lançou uma enxurrada de projéteis contra Tel Aviv, após a destruição de um prédio de 12 andares em Gaza, onde ficavam os escritórios de figuras de peso do movimento. Era o início de uma escalada militar que iria durar dias.
A escalada da violência na região deixou 248 palestinos mortos, entre eles 66 crianças e combatentes, segundo as autoridades de Gaza. Em Israel, o lançamento de foguetes a partir de Gaza matou 12 pessoas, entre elas uma criança, um adolescente e um soldado, segundo a polícia.
AFP e Correio do Povo
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