O presidente da Câmara falou sobre o ritmo da vacinação no país em reunião. Dados mostram que, até esta terça (30), foram encaminhadas para os estados quase 33 milhões de doses e pouco menos de 22 milhões foram efetivamente aplicadas.
O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, comentou nesta quarta-feira (31) sobre o ritmo de vacinação no Brasil.
Arthur Lira falou após a primeira reunião do Comitê de Combate à Covid: "Por que o Brasil distribuiu 34 milhões de doses de vacinas e nós só temos 18 milhões de doses aplicadas? A nossa solicitação é que o Ministério da Saúde forme, urgentemente, um grupo ainda mais rígido de controle desses dados. Não acredito em hipótese alguma que tenha algum tipo de má vontade ou de má fé nisso - pelo contrário. É o atabalhoamento desta crise, desta pandemia ou da burocracia de informação por parte de governos estaduais ou governos municipais do retorno dessas vacinas que foram enviadas".
Os números apurados pelo consórcio de veículos de imprensa não são exatamente esses, mas há uma diferença entre a quantidade de doses distribuídas aos estados e municípios e as doses já aplicadas nos braços dos brasileiros.
Segundo o consórcio, até esta terça (30), foram encaminhados para os estados quase 33 milhões de doses de vacinas. Pouco menos de 22 milhões foram efetivamente aplicados, incluindo nesse total a primeira e a segunda doses. Uma diferença de 11 milhões.
Isso acontece, em parte, porque entre sair da fábrica e chegar aos braços dos brasileiros leva algum tempo, e esse descompasso varia entre os estados.
O presidente do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde diz que parte dessas doses ainda não aplicadas está em trânsito e outra parte está guardada para a segunda dose. “Nós temos hoje 3,8 milhões de doses reservadas para a segunda dose. Todas elas da vacina do Butantan. Nós recebemos essa semana 5 milhões de doses. A partir do momento que chega no município, estão sendo aplicadas na população”, afirma Mauro Junqueira.
O presidente do Fórum de Governadores, Wellington Dias, do Piauí, disse que as doses ainda não aplicadas são também para a chamada reserva técnica: “O Brasil é obrigado a reservar uma reserva técnica para um caso de falta de energia, uma situação de acidente. Cerca de 600 mil doses em todo o país. As vacinas são aplicadas nos bairros da cidade, nas comunidades, nas tribos, nos povoados. Não pense que é fácil.”
Há diferenças entre os estados quando se compara o percentual de vacinados em relação às doses disponíveis; 11 estados aplicaram menos de 60% das doses que receberam e 5 estados usaram menos de 50%.
São Paulo foi o estado que mais aplicou doses: 88%, seguido do Distrito Federal, com pouco mais de 83%. Roraima e Acre são os estados que menos vacinas aplicaram, menos da metade das doses que receberam.
Parte dessas diferenças, dizem os especialistas, é explicada pelo cadastro mais completo que a vacinação contra a Covid exige. Eles afirmam que preencher à mão ou transmitir pela internet muda a velocidade com que os dados saem dos postos de vacinação e chegam às secretarias e ao Ministério da Saúde, e que o governo federal não colocou em funcionamento um cadastro nacional que pudesse ser acessado por todos.
“Tem que colocar todos os dados pessoais da pessoa - nome, endereço, que dose ela está recebendo, de que laboratório. Isso imprime uma logística muito mais complexa, porque tem locais que nem tem computadores onde você faz a vacinação. É preciso que o Ministério da Saúde realmente organize esse processo de cadastramento”, explica Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização.
Em São Paulo, por exemplo, quem vai se vacinar tem a opção de fazer um pré-cadastro na internet. Os dados já ficam disponíveis para serem enviados. Em outros locais, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, a instabilidade da internet é um problema a mais.
São muitas distâncias e dificuldades pelos caminhos. Em Roraima, por exemplo, o problema é chegar às aldeias indígenas. No Acre, o acesso é difícil nas comunidades rurais e ribeirinhas.
Mas os especialistas são unânimes em dizer que a insegurança com relação à chegada das doses é o problema mais grave a ser enfrentado, junto com a falta de orientação clara sobre organização e grupos prioritários.
“Acho que o grande problema dessa fase que nós estamos vivendo é a falta de transparência. Quando nós vamos ter vacina chegando da Fiocruz, quando vamos ter vacina chegando do Butantan, qual o volume de vacinas, quanto é esse volume de vacina mês a mês que está previsto der distribuído?”, questiona Gonzalo Vecina, professor de Saúde Pública da USP.
“O que é mais importante nesse momento é que a vacina chegue à ponta para que a gente não precise segurar a segunda dose. Segurar doses pensando que pode ou não ter para vacinar e completar o calendário daquele paciente. Para que a gente possa chegar à dose ser aplicada e aí a gente vira isso vira uma rotina. Então, o que mais interessa nesse momento é a vacina na ponta”, comenta Mauro Junqueira.
O Ministério da Saúde afirmou que a distribuição de vacinas depende da entrega dos fabricantes e que os gestores locais devem notificar as doses aplicadas, preferencialmente, no mesmo dia ou no máximo em 48 horas em caso de falta de internet.
G1
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