por Fernanda Brigatti
Variação do IGP-M em abril foi de 1,51%, a maior para o mês desde 1995
O IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado) subiu 1,51% em abril, informou nesta quinta (29) a FGV (Fundação Getúlio Vargas). A inflação do aluguel, como o indicador é conhecido, acumula alta de 32,02% em 12 meses, a maior variação acumulada desde março de 2003.
A variação mensal é a maior para meses de abril desde 1995, quando chegou a 2,10%. A expectativa dos analistas consultados pela Bloomberg era de que a variação mensal ficasse em 1,34%, chegando a 31,8% em 12 meses.
O resultado do mês mostra uma desaceleração do índice devido à menor pressão do preço dos combustíveis, principal influência no mês anterior. Em março, o IGP-M havia registrado alta de 2,94%, a maior para o mês desde o início do plano Real, em julho de 1994. Em abril, o subgrupo de despesas com combustíveis recuou 1,08%, ante uma alta de 18,64% no mês anterior.
A desaceleração já era vista na 2ª prévia de abril, quando a variação do índice havia sido de 1,17%, menor do que os 2,98% no mesmo período em março.
André Braz, coordenador de índices de preços do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, diz que a tendência é o que IGP-M ainda siga em alta até o próximo mês.
O IGP-M é calculado a partir de três índices de inflação, que registram a variação de preços para os produtores (no atacado), para os consumidores e para a construção civil.
O primeiro tem o maior peso sobre o índice e é também o que acumula a maior variação no último ano, puxada principalmente por produtos negociados em dólar, como grãos e minério. Em 12 meses, as matérias-primas brutas acumulam alta de 66,58%. Entre os produtos agropecuários, a alta é de 49,57%, e de 41,35% entre os industriais.
Em abril, as maiorias influências para a alta do IGP-M foram milho em grãos (8,70%), entre os produtos ao produtor, gasolina (3,03%), no índice ao consumidor, e condutores elétricos (11,15%), na inflação da construção civil.
Por outro lado, a carne suída recuou 10,48% em abril. Também registram queda de preços a maça (-11,14%), o farelo de soja (-5,40%) e o etanol (-2,75%).
A inflação divulgada pela FGV nesta quinta terá efeito sobre os contratos de locação com vencimento em maio. O IGP-M é o índice padrão nos aluguéis em todo o país, mas os proprietários podem optar por aplicar um reajuste menor. Caso decidam corrigir integralmente o contrato, um aluguel de R$ 2.000 passaria a R$ 2.640,40 no mês de junho.
Segundo a pesquisa de locação do Secovi-SP (sindicato da habitação), os donos de imóveis têm adiado a aplicação dos aumento. Nos 12 meses até março, o aumento médio ficou em 1,26%. Enquanto o IGP-M mensal variou 2,96%, os aluguéis em São Paulo oscilaram 0,05%.
"Os dados comprovam a estabilidade nos novos contratos de locação, resultado das renegociações entre proprietários e inquilinos, que vêm ocorrendo desde o início da pandemia, o que tem sido extremamente positivo para o mercado”, diz Adriano Sartori, vice-presidente de gestão patrimonial e locação do Secovi-SP, em nota.
Com o descolamento do IGP-M em relação à variação do IPCA, administradoras de imóveis chegaram a anunciar a substituição dele pelo índice de inflação oficial calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Entidades como o Secovi-SP e Creci-SP, porém, dizem que a substituição não chega a ser uma tendência e recomendam que os proprietários negociem correções que permitam a manutenção de contratos com bons inquilinos.
Nas locações comerciais, proprietários de lojas começaram a buscar o Judiciário na tentativa de garantir a aplicação de índices menores do que o acumulado pelo IGP-M. Empresários relataram à Folha dificuldades nas negociações de reajustes com shoppings e aeroportos, apesar das medidas de restrição à circulação colocadas em vigor por diversas vezes no último ano para o controle da pandemia de Covid-19.
No fim de março, durante seminário online realizado pela Folha e pelo Ibre, o professor Paulo Picchetti, da FGV, disse que a instituição está estudando um índice que possa substituir o IGP-M nos contratos de locação.
Segundo o pesquisador, a fundação está levantando fontes de informação que permitam a construção de um índice que reflita as oscilações do mercado de imóveis e seja menos exposta às oscilações cambiais.
Fonte: Folha Online - 29/04/2021 e SOS Consumidor
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