Real teve bom desempenho nesta quarta-feira no mercado mundial de moedas
A declaração do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, de que ainda não é hora nem de começar a discutir a retirada dos estímulos extraordinários nos Estados Unidos ajudou a enfraquecer o dólar no mercado mundial e a fortalecer os ativos de risco. Em meio a recordes nas bolsas em Nova York e desaceleração da alta dos juros longos americanos, o dólar ampliou a baixa nos países desenvolvidos e emergentes, caindo a R$ 5,36 ante o real na mínima do dia.
Ajudado por fluxo externo e um noticiário positivo interno, que inclui criação de vagas em março, medida pelo Caged, melhor que o esperado e previsão de chegada na quinta-feira do primeiro lote de vacina da Pfizer ao Brasil, o real teve o melhor desempenho nesta quarta-feira no mercado mundial de moedas, considerando as 34 divisas mais líquidas.
No fechamento, o dólar à vista terminou a quarta-feira em queda de 1,82%, cotado em R$ 5,3616, menor nível desde o dia 2 de fevereiro (R$ 5,35). No mercado futuro, o dólar para maio era negociado em baixa de 1,78%, a R$ 5,3580 às 17h30.
As declarações de Powell após a reunião de política monetária do Fed, que manteve os juros e as compras mensais de ativos, foram vistas como "dovish", ou seja, defendendo juros baixos e mais tolerantes com a inflação. Powell e os demais dirigentes reconheceram a melhora da economia americana e a aceleração dos preços, mas avaliam que ela se deve a fatores transitórios e o apoio do Fed ainda é necessário para manter o fôlego da economia. "Não é ainda a hora de 'começar a começar' a falar sobre redução nos estímulos", afirmou o dirigente, levando a moeda americana para as mínimas e as bolsas para as máximas.
"O Fed foi claro em sua intenção de seguir provendo estímulos extraordinários para a economia", avalia a economista-chefe da corretora americana Stifel, Lindsey Piegza. Ela observa que Powell destacou que ainda não há sequer um cronograma para voltar a subir os juros e que os dirigentes são favoráveis a seguir tudo como está, pois é preciso "progresso adicional substancial" da atividade antes que o Fed mude sua política.
No noticiário local, o ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou a criação de vagas de março, de 184,1 mil vagas, e disse que todos os setores estão criando postos de trabalho, além de sinalizar avanço na reforma tributária, o que sempre agrada as mesas de operação. Ele disse que as primeiras doses de vacina da Pfizer chegam ao País nesta quinta-feira e no dia seguinte haverá a privatização da companhia de saneamento do Rio, a Cedae, o que pode trazer mais fluxo externo ao Brasil.
Dados do Banco Central mostram que o fluxo cambial em abril está positivo em US$ 773 milhões até o dia 23, com destaque para o canal comercial, com entradas de US$ 599 milhões. Na semana passada, houve maior peso do canal financeiro, com entrada líquida de US$ 831 milhões.
Agência Estado e Correio do Povo
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