“Mais do que isso, precisamos de previsibilidade”
Esse foi o trecho que me chamou a atenção em uma mensagem que recebi do empresário Irio Piva, presidente da CDL Porto Alegre nesta manhã após a decisão judicial que suspendeu o retorno da cogestão. Em geral, o comércio quer reabrir. É compreensível e legítimo, independente de que outros segmentos achem que não é o momento. Essa é uma discussão. Mas me refiro a outra, que enxerguei nesse trecho da mensagem do empresário: a imprevisibilidade nas medidas da pandemia. Hoje, sábado, lojas e restaurantes não sabem se abrirão segunda. Provavelmente, não. Mas elas não sabem. Sei que é uma pandemia, que esse vírus é o maior exemplo de imprevisibilidade. Mas vejo também bastante falta de planejamento, o que acaba atrapalhando sem necessidade o planejamento mínimo dos outros.
Pela sinalização e intenção do governador Eduardo Leite, abriria na segunda, dia 22. Na sexta apenas, tem apresentação formal a prefeitos do protocolo. Sexta à noite, sociedade fica sabendo. Em alguns municípios, não se sabe como vai ser. Em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo colocou no Twitter que discordou da cogestão. No sábado, o juiz Eugênio Terra deu liminar suspendendo a volta do mecanismo. Surpresa para as autoridades? Não, né. Ações judiciais são resposta praticamente certa quando algo gera divergência assim e não está bem amarrado. É sábado à tarde e a última notícia é de que governo vai recorrer.
Precisava ser assim? Eu realmente acho que não.
====
Abaixo, segue a mensagem inteira com a opinião pessoal do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, que traz, como mencionei acima, também o posicionamento do comércio a favor da reabertura:
“A liminar concedida pela justiça que suspense a co gestão e as flexibilizações anunciadas pelo Governo do Estado, no dia de ontem, choca, desanima e desespera os comerciantes gaúchos.
O momento é grave e exige medidas sérias. Porém, sabemos que não é no comércio formal, que segue rigorosamente todos os protocolos, que o vírus se espalha. A minha pergunta é: então por que é exatamente esse setor que está sendo penalizado?
Me refiro a desde a lojinha de esquina, cujo dono sustenta a sua família com o que nela fatura, até a empresa que emprega milhares de pessoas, cujas vidas dependem do salário que recebem.
Imagine o dono de um pequeno restaurante que, com a possibilidade de reabertura na próxima segunda-feira, se reabasteceu de produtos, na sua maioria perecíveis, e agora não poderá reabrir.
Precisamos de decisões que levem em consideração todos os lados. Mais do que isso, precisamos de previsibilidade. Não podemos ficar à mercê da opinião de profissionais que recebem o seu salário no final do mês, independente do que esteja acontecendo.
Terá esse juiz levado em consideração as milhares de famílias prejudicadas com a sua decisão? São famílias que, há um ano, já vêm enfrentando dificuldades e que, agora, ficarão numa situação ainda pior.
Estamos lidando com vidas humanas, mas é preciso olhar para elas em todos os sentidos. Afinal, sem comida na mesa, não há dignidade.
Reforço que não podemos mais penalizar aqueles que agem com responsabilidade, seguindo todos os protocolos e cuidando dos seus funcionários e clientes.
Precisamos de decisões responsáveis.
Irio Piva
Presidente do CDL POA”
Nenhum comentário:
Postar um comentário