Sem reversão, entidades apontam para perdas de empregos e fechamentos de empresas no Rio Grande do Sul
Diferentes federações do Rio Grande do Sul se manifestaram neste sábado diante da decisão judicial que suspendeu o retorno da cogestão e as flexibilizações de protocolos da bandeira preta a partir da próxima segunda-feira. Em nota conjunta, a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) e a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) afirmaram discordar veemente da decisão, pois ela afeta o poder de gestão sobre assuntos de saúde pública de interesse local de prefeitos eleitos.
No documento, as entidades dizem que “não merece ser mantida essa restrição ao pleno exercício do poder executivo municipal, implementada por decisão monocrática e sem a suficiente fundamentação, deixando de mãos atadas representantes eleitos que têm competência constitucional assegurada e pleno conhecimento de sua realidade local para buscar o equilíbrio entre riscos e recursos necessários no combate à Covid-19”.
O documento diz ainda que todos reconhecem a gravidade da situação atual e a necessidade de protocolos sanitários rígidos, porém também é reconhecido que a ampliação da contaminação no Estado não teve qualquer correlação com liberação de atividades produtivas, que são exercidas em ambientes altamente controlados. Para os dirigentes, a disseminação teve correlação direta com períodos de redução de atividades produtivas e consequentes aglomerações, como nos recentes feriados e no veraneio, justamente quando chegaram novas variantes mais transmissíveis.
Por fim, a nota das federações diz que as entidades esperam uma reformulação da decisão, pois a mesma “traz incertezas, insegurança jurídica e agrava ainda mais a dura realidade dos gaúchos que empreendem e daqueles que precisam voltar a trabalhar para garantir o sustento de suas famílias”.
Outra entidade que se manifestou foi a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS). Em comunicado, assinado pelo presidente, Vitor Augusto Koch, o setor diz ser ser contrário à decisão de suspender a cogestão e flexibilizações. “Esta decisão acarreta mais prejuízos à já combalida economia do Rio Grande do Sul e projeta, para breve, o fechamento definitivo de centenas de empresas e a extinção de milhares de postos de trabalho no Estado”.
A entidade disse ainda que o governo do Estado foi sensível aos apelos do setor empresarial e permitiu a retomada do sistema de cogestão e das atividades econômicas. Afirmou também que o comércio e demais setores produtivos, com muita responsabilidade, estão prontos para voltar a trabalhar, seguindo à risca os protocolos estabelecidos. ” Esperamos que o governo preste os esclarecimentos solicitados com a maior urgência e que essa decisão perca seu efeito, a fim que possamos, a partir de segunda-feira, retomar nossas atividades, para gerar empregos, renda e riqueza social”, finaliza.
CDL Porto Alegre repudia decisão judicial
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL ) de Porto Alegre afirmou em nota que a decisão "choca, desanima e desespera os comerciantes gaúchos". "O momento é grave e exige medidas sérias. Porém, sabemos que não é no comércio formal, que segue rigorosamente todos os protocolos, que o vírus se espalha. A minha pergunta é: então por que é exatamente esse setor que está sendo penalizado? Me refiro a desde a lojinha de esquina, cujo dono sustenta a sua família com o que nela fatura, até a empresa que emprega milhares de pessoas, cujas vidas dependem do salário que recebem", diz o texto assinado pelo presidente da entidade, Irio Piva.
O diriente afirma que são necessárias decisões "que levem em consideração todos os lados". "Mais do que isso, precisamos de previsibilidade. Não podemos ficar à mercê da opinião de profissionais que recebem o seu salário no final do mês, independente do que esteja acontecendo. Terá esse juiz levado em consideração as milhares de famílias prejudicadas com a sua decisão? São famílias que, há um ano, já vêm enfrentando dificuldades e que, agora, ficarão numa situação ainda pior".
"Estamos lidando com vidas humanas, mas é preciso olhar para elas em todos os sentidos. Afinal, sem comida na mesa, não há dignidade. Reforço que não podemos mais penalizar aqueles que agem com responsabilidade, seguindo todos os protocolos e cuidando dos seus funcionários e clientes. Precisamos de decisões responsáveis", lê-se no texto.
Rádio Guaíba e Correio do Povo
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