quarta-feira, 24 de março de 2021

Coreia do Norte faz primeiro teste de mísseis durante presidência de Biden

 Pyongyang não comentou lançamentos



A Coreia do Norte lançou vários mísseis poucos dias depois de uma visita à região dos máximos encarregados da diplomacia e da defesa dos Estados Unidos, no primeiro desafio aberto de Pyongyang à administração de Joe Biden, disse nesta terça-feira (23) um funcionário americano.

"Estamos sabendo de dois mísseis" lançados no domingo, disse à AFP este funcionário, que pediu para ter sua identidade preservada. Outros funcionários do governo insistiram em que se tratava de um sistema de "curto alcance" classificado "na categoria de atividades militares normais do norte".

Esses lançamentos "não são sancionados pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU contra o programa de mísseis balísticos de Pyongyang", afirmou um deles a repórteres. "A Coreia do Norte tem um conhecido menu de provocações quando se trata de enviar uma mensagem aos governos dos EUA: mísseis balísticos de vários alcances, plataformas de lançamento móveis e submarinas, testes nucleares e termonucleares. Os especialistas apontaram corretamente que o que houve nesse fim de semana estava na parte inferior desse espectro", acrescentou.

Diferentemente de outros testes balísticos de Pyongyang, nem a Coreia do Sul nem a do Norte comentaram esses lançamentos e os funcionários americanos também mantiveram silêncio até esta terça-feira. Observadores esperavam uma advertência militar norte-coreana desde a posse do novo presidente dos Estados Unidos, em janeiro.

Vários especialistas indicaram no Twitter que os projéteis lançados eram provavelmente mísseis de cruzeiro, uma resposta bastante moderada às manobras militares conjuntas que Washington e Seul acabam de realizar.

Abertos ao diálogo

O governo Biden declarou que viu o lançamento imediatamente no domingo, mas não quis "dar muita publicidade" ao que não considerou uma grande provocação. O presidente está desenhando sua estratégia com relação à Coreia do Norte, depois que a tentativa de diplomacia direta de seu antecessor, Donald Trump, com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, não conseguiu nenhum progresso na desnuclearização do país asiático. Esse processo, porém, está chegando ao fim, disse uma autoridade dos EUA nesta terça.

Desde fevereiro, a nova administração americana tenta estabelecer contato com os dirigentes norte-coreanos. Na semana passada, a Coreia do Norte alertou que não mudaria sua postura com relação aos Estados Unidos até que os mesmos renunciassem à sua "política hostil" com relação ao país, enquanto os secretários de Estado e da Defesa americanos, Antony Blinken e Lloyd Austin, estavam em Seul para, entre outras coisas, reforçar os laços de Washington com a Coreia do Sul frente a Pyongyang.

Kim Yo Jong, a influente irmã de Kim Jong Un, também emitiu um aviso ao novo governo dos EUA, afirmando que está tentando "espalhar o cheiro de pólvora" na Coreia do Norte através do oceano. "Se querem dormir bem nos próximos quatro anos, é melhor que não façam nada que os faça perder o sono", disse ela.

Apesar dessas brigas verbais e, agora, militares, os Estados Unidos afirmam que ainda estão abertos ao diálogo com os líderes norte-coreanos. Mas também alertam que não pretendem desistir de manobras militares conjuntas com os sul-coreanos, como fez Trump.

Na próxima semana, o assessor de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, receberá seus colegas da Coreia do Sul e do Japão na Casa Branca. E o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, será o primeiro líder estrangeiro a ser recebido pessoalmente nos Estados Unidos pelo novo presidente, em abril. A nova estratégia de Washington pode ser iniciada em seguida.


AFP e Correio do Povo


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