sábado, 13 de fevereiro de 2021

General pede União do país, mas Mianmar tem novos protestos

 Líder do golpe militar, Min Aung Hlaing convocou a população a trabalhar com os militares



O líder do golpe militar de Mianmar, general Min Aung Hlaing, aproveitou o feriado do "Dia da União" no país nesta sexta-feira para convocar a população a trabalhar com os militares como forma de o país retornar ao regime democrático. "Exorto toda a nação a se unir para a realização bem-sucedida da democracia", disse o general em um comunicado na imprensa. "As lições históricas nos ensinaram que só a unidade nacional pode garantir a não desintegração da União e a perpetuação da soberania."

O apelo teve pouco efeito e várias cidades por todo o país registraram mais um dia de protestos contra o golpe. Além da mensagem do comandante militar publicada ontem no jornal Global New Light of Myanmar, a junta militar também anunciou que libertará 23.314 presos. Nenhum líder político estaria entre eles.

O levante liderado por Hlaing, em 1.º de fevereiro, derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz, e impediu parlamentares eleitos em novembro de tomarem posse no Parlamento. O golpe reverteu quase uma década de governos civis no primeiro regime democrático após 50 anos de regime militar e levou a protestos generalizados em cidades de todo o país.

Os militares disseram que foram forçados a intervir no governo porque a gestão de Suu Kyi não investigou adequadamente as denúncias de fraude nas eleições do ano passado, embora a comissão eleitoral tenha dito que não havia evidências para apoiar as alegações.

Uma sessão extraordinária dos 47 Estados membros do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), pedida pela União Europeia (UE) e pelo Reino Unido, resultou num apelo, sem votação, para que os militares libertem Suu Kyi imediatamente e restaurem o governo civil.

As manifestações de rua contra o golpe, que agora são diárias nas duas maiores cidades de Mianmar, Yangon e Mandalay, voltaram a ocorrer ontem, apesar da proibição oficial de reuniões de mais de cinco pessoas. Trabalhadores, funcionários públicos, estudantes, professores, médicos, monges budistas e clérigos católicos se juntaram para exigir a volta ao poder dos líderes civis.

Milhares de manifestantes, incluindo celebridades de Mianmar, fizeram uma manifestação em frente à embaixada chinesa em Yangon para criticar o que disseram ser o fracasso de Pequim em condenar o golpe.

Muitos eram estudantes de escolas e universidades internacionais locais e seguravam cartazes que diziam "Não queremos a ditadura", "Pare de ajudar o golpe militar" e "Liberte nosso líder".

"Os estudantes e as pessoas estão dispostos a enfrentar um derramamento de sangue", disse a manifestante Phyo Yadana Aung. Ela acusou a imprensa oficial de espalhar "desinformação" sobre os protestos. "Não podemos deixar isso acontecer."

Na quinta-feira, grupos minoritários étnicos de Mianmar, que estão concentrados em Estados longínquos e fronteiriços, se juntaram aos manifestantes das grandes cidades - em uma demonstração de unidade em um país onde alguns grupos se ressentiram do controle da maioria birmanesa e também tiveram suas diferenças com Suu Kyi.

É improvável que os manifestantes sejam influenciados pelo apelo de Hlaing pela unidade em um dia importante para o país. O Dia da União é um feriado nacional que relembra o acordo firmado em 1947 entre grupos étnicos pela unificação do país, após décadas de domínio colonial britânico na então Birmânia.

Na quinta-feira, os Estados Unidos bloquearam o acesso de fundos de US$ 1 bilhão do governo local que estão em território americano.

*Com agências internacionais


Agência Estado e Correio do Povo


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