Candidato do Planalto superou Baleia Rossi, que foi apoiado por Rodrigo Maia e pelo PT, com 302 votos
Apoiado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e líder do Centrão, Arthur Lira, do PP, foi eleito o presidente da Câmara dos Deputados e comandará a casa pelos próximos dois anos. Após uma manhã agitada, com deputados "desembarcando" do bloco do agora ex-presidente Rodrigo Maia, que comandou a sessão, a votação foi finalizada no final da noite desta segunda-feira e Lira garantiu 302 votos da Casa. O candidato de Maia e apoiado por um bloco de partidos contrários à Bolsonaro, Baleia Rossi, recebeu 146 votos e ficou em segundo lugar.
A eleição de Lira configura-se numa vitória do presidente da República, Jair Bolsonaro, que fez campanha para que o deputado fosse eleito e combateu Rossi, o candidato de Rodrigo Maia, com quem teve embates públicos durante seu primeiro ano de mandato e também a pandemia da Covid-19. Partidos como o PT e o PDT apoiaram Rossi.
Em seu discurso na tribuna da Câmara, Lira defendeu a coletividade no Legislativo e enviou recados para Maia:
"Somos representantes de mais de 51 milhões de brasileiros. Tendo em vista a representatividade desse plenário, coloquei desde o início a nova funcionalidade dessa Casa. 51 milhões não podem ser da vontade de um só deputado. A Câmara não pode ser do eu, e sim do nós. Por acaso nessa Casa há um trono? Tudo nessa Casa é coletivo. Em respeito à colegialidade temos que dar voz a todas as deputadas e deputados. Temos que devolver o plenário da Câmara dos Deputados. Ao presidente não cabe falar, cabe ouvir, de forma neutra, menos eu e mais nós. Não é à toa que o regimento definiu que quem ocupa a presidência não pode votar. A presidência não pode falar pela Casa".
Também concorreram a presidência Alexandre Frota, do PSDB, André Janones, do Avante, Fábio Ramalho, do MDB, General Peternelli, do PSL, Kim Kataguiri, do DEM, Luiza Erundina, do Psol e Marcel Van Hattem do novo.
Perfil
Arthur Lira, deputado federal com 51 anos e em seu terceiro mandato, é um agropecuarista que começou a vida política em 1992, quando foi eleito vereador em Maceió, capital de seu Estado, Alagoas.
Tornou-se líder do Centrão na atual legislatura por ter trânsito fácil com os partidos no Congresso. Amigo do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, hoje preso por causa de investigações da Lava Jato, tem contra ele denúncias vindas da mesma operação.
É também amigo do presidente Jair Bolsonaro, que torceu por sua vitória e fez campanha para que ele fosse o novo presidente da Câmara.
Antes de ser do PP (Partido Progressistas) , passou pelo PFL, PSD, PTB e PMN. Filho do ex-senador Benedito de Lira (PP), ele aprendeu com o pai a se manter forte em todos governos e a aproveitar as oportunidades. Nos bastidores do Congresso em Brasília é dito que ele costuma trocar apoio por cargos importantes, o que pode explicar algumas nomeações do governo federal nos próximos meses, caso saia eleito na Câmara.
Criticou o governo de Bolsonaro por suas pautas de costumes e por polêmicas desnecessárias em 2019, mas tornou-se um aliado importante da atual gestão na tramitação da Reforma da Previdência e de outras iniciativas do governo federal.
Lira também apoiou a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News, em 2019, criada para apurar abusos cometidos por apoiadores de Bolsonaro.
Por outro lado, partiu dele o esforço para tornar o Centrão em 2020 a base aliada do presidente da República, iniciativa agora recompensada com o apoio à candidatura. A ideia de que o alagoano fechará os olhos e aceitará todas as determinações do chefe do Executivo é vista com bastante cautela até mesmo pelo Planalto. Em declarações recentes, o candidato apontou falhas na condução da pandemia por parte do governo federal e fez críticas ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Garantiu ainda que em sua gestão não passa a criação de um imposto sobre transações, uma espécie de nova CPMF, sugerida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
"Tem de apresentar soluções de logística, tem de cuidar da temática de não deixar faltar insumos e nem vacinas para o Brasil, tem de tratar junto do Ministério de Relações Exteriores, no tratamento com Índia e China. Essas pontuações, a gente faz porque é nossa obrigação fazer. A população, ela acredita no seu parlamentar para solucionar", disse Lira em janeiro.
Em sua história no Parlamento, votou pela saída da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, mas foi contra o pedido de impeachment do sucessor Michel Temer (MDB).
Sobre uma possível análise da retirada de Bolsonaro (há mais de 60 pedidos no Congresso), fica em cima do muro, pelo menos em frente às câmeras.
R7 e Correio do Povo
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