Vice-presidente da República reiterou que estava surpreso com o anúncio da empresa, que "ganhou bastante dinheiro" no Brasil
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, se disse surpreso com anúncio nesta segunda-feira, da fabricante Ford sobre encerrar a produção de carros no país. Em conversa com jornalista no período da tarde, Mourão avaliou que o comunicado da empresa, que está no Brasil há 100 anos, não foi uma "boa notícia".
Após anos de perdas significativas no Brasil, intensificadas pela pandemia da Covid-19, a Ford anunciou em comunicado nesta segunda-feira o fechamento de suas fábricas em Camaçari (BA), onde produz os modelos EcoSport e Ka, Taubaté (SP), que produz motores, e Horizonte (CE), onde são montados os jipes da marca Troller.
"Não é uma notícia boa. Eu acho que a Ford ganhou bastante dinheiro aqui no Brasil. Me surpreende essa decisão que foi tomada aí pela empresa", comentou Mourão na saída da vice-presidência.
Ele opinou que a empresa poderia ter esperado mais e destacou o tamanho do público consumidor brasileiro. "Eu acho que ela poderia ter retardado isso aí mais e aguardado. Até porque o nosso mercado consumidor é muito maior do que outros aí", afirmou.
Como o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou, a decisão de fechar as linhas de manufaturas brasileiras segue uma reestruturação dos negócios na América do Sul.
A sede administrativa da montadora na América do Sul, localizada em São Paulo, será mantida, assim como o centro de desenvolvimento de produto, na Bahia, e o campo de provas de Tatuí (SP).
"Fechamento da Ford é demonstração da falta de credibilidade do governo", diz Maia
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) também se manifestou sobre o fechamento das fábricas da Ford no Brasil. Na sua visão, isto seria uma demonstração da "falta de credibilidade" do governo federal. Ele considera que o anúncio da montadora evidencia a ausência de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional.
Defensor da proposta de reforma tributária de autoria do candidato apoiado por ele para a sucessão no comando da Câmara, Baleia Rossi (MDB-SP), o atual presidente da Casa apontou que o sistema tributário teria se tornado um "manicômio" nos últimos anos, com impacto direto sobre a produtividade das empresas.
"Espero que essa decisão da Ford alerte o governo e o Parlamento para que possamos avançar na modernização do Estado e na garantia da segurança jurídica para o capital privado no Brasil", escreveu Maia em sua conta no Twitter.
Agência Estado e Correio do Povo
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