Nossa cultura está repleta de filmes, livros, séries, novelas e casos em que os assaltantes de bancos são tratados como heróis. Não me arrisco a enumerar todos, mas desde Billy The Kid, Bonnie & Clyde, O Assalto do Trem Pagador, Casa de Papel, a lista é enorme. A condescendência com o ilícito nunca leva a bom lugar.
Assistimos a glorificação de um gênio com os pés, que celebrizou uma fraude com mão, invocando a intervenção divina, para justificá-la. Nesse caldo de cultura vem um jornalista da maior empresa local, que escreve uma coluna diária, opina no rádio sobre tudo durante horas, outras horas em debates futebolísticos e o fazendo com razoável qualidade, face ao extraordinário volume de opiniões emitidas.
Porém, chega um momento em que acontece aquela perigosa transformação, quando - em razão da força dos veículos em que atua - passa achar que sua opinião é extraordinária, que ele é o máximo e, aí, nesse momento fatal, a soberba cobra o preço.
Ouvi o lamentável e injustificável programa que causou toda celeuma, NÃO HÁ NADA QUE JUSTIFIQUE SUA ARROGÂNCIA, IRONIA RASTEIRA E INSENSIBILIDADE COM AS VÍTIMAS. FOI INOMINÁVEL SUA CONDUTA, secundado pela coadjuvante medíocre. Com a realidade e a dor alheia não se brinca. Ponto. A empresa deveria suspendê-los (no mínimo) no mesmo dia. Mas a falta de chefia é evidente. Usando termo de mídia, a RBS perdeu o "timing" e acobertou os autores da infâmia. Vai pagar alto preço por isso. A ficção até pode ser benevolente com assaltantes, mas a realidade jamais poderá compactuar com eles. Não existe bandido bonzinho. Isso é ideologia e é fatal. Não se pode afrontar a Sociedade impunemente. Quando o comunicador acha que sua importância é mérito intrínseco e não uma decorrência do espaço que os veículos lhe proporcionam, ele está perdido.
É quando pensa que é o DAVI de Michelangelo, mas na verdade é muito mais o BOZÓ.
por Leo Iolovitch. Artigo publicado em 05.12.2020
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