por Eduardo Cucolo
Antecipação da volta do sistema de bandeiras tarifárias levou a revisão dos números para baixo
O BC (Banco Central) ganhou um aliado no combate à inflação em 2021, o sistema de bandeiras tarifárias na conta de luz. A adoção da bandeira vermelha eleva o preço da energia a partir deste mês de dezembro, mas afastar o risco de descumprimento da meta de inflação no próximo ano —que estava no radar de alguns especialistas.
Na primeira versão de seu trabalho sobre o repasse de preços do atacado para o varejo, o economista Andre Braz, do Ibre FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), previa que a inflação de 2021 ficaria, no mínimo, na meta de 3,75%, com chances de estourar o limite de tolerância de 1,5 ponto percentual, estabelecido pelo BC,e chegar a 5,5%.
A notícia da antecipação da volta do sistema de bandeiras tarifárias, com a adoção da bandeira vermelha na conta de energia, o patamar mais oneroso para o consumidor, anunciada na segunda-feira da semana passada (30), levou a uma revisão dos números para baixo: 3,55% e 4,50%, respectivamente.
Como a meta de inflação considera o IPCA no final do ano, o que interessa para a autoridade monetária é a diferença entre a bandeira de dezembro de cada ano.
Mesmo se ela ficar em seu nível mais alto (o atual vermelho 2) pelos próximos 12 meses, onerando o consumidor de dezembro deste ano a novembro de 2021, uma mudança em dezembro do próximo ano para vermelho 1, amarelo ou verde será contabilizada no IPCA como alívio no preço da energia.
A decisão da agência reguladora do setor, a Aneel, de adotar a bandeira vermelha em dezembro eleva um pouco a inflação desta ano, no entanto, no final de 2021, pode representar um alívio de até 0,50 ponto percentual, no ano em que a meta é de 3,75%.
O aumento neste ano, por exemplo, deve representar um reajuste médio de 10% na conta de luz (uma tarifa adicional de R$ 6,24 a cada 100 kWh de consumo).
As projeções do mercado, segundo a pesquisa Focus do BC, que reúne análises de economistas de diferentes instituições, são de um IPCA de 3,54% neste ano e 3,47% no próximo.
Os números, no entanto, começaram a ser revistos após a decisão da Aneel e devem contar dos próximos boletins. Nenhum dos economistas consultados previa estouro da meta.
Para os preços no atacado, as projeções são de alta de 32% neste ano e 4,3% no próximo.
A volta da cobrança extra na conta de energia pegou de surpresa até os especialistas do setor. A decisão representou um recuo com relação a diretriz tomada pela agência em maio, que previa a manutenção da bandeira verde, sem custo adicional, até o fim do ano, para evitar sobrecarregar os consumidores na pandemia.
A agência disse que a revisão foi necessária diante da queda do nível de armazenamento nos reservatórios das hidrelétricas e da retomada do consumo de energia com o fim das medidas de isolamento.
Em novembro, o volume de energia armazenada nos reservatórios das regiões Sudeste e Centro Oeste atingiu a média de 18,1%, a menor para o mês desde 2014. No Sul, onde os reservatórios fecharam novembro com 18,6% de sua capacidade de geração de energia, o menor valor para o mês pelo menos dos últimos 20 anos.
Fonte: Folha Online - 06/12/2020 e SOS Consumidor
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