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domingo, 1 de novembro de 2020

Biden e Trump cortejam eleitores no Meio Oeste a quatro dias das eleições nos EUA

 Região impulsionou a vitória do presidente republicano em 2016


A quatro dias das eleições nos Estados Unidos e em meio a uma aceleração dos contágios do novo coronavírus, o presidente Donald Trump e o democrata Joe Biden cortejaram na sexta-feira os eleitores do Meio Oeste, uma região que impulsionou a vitória do presidente republicano em 2016. O atual ocupante da Casa Branca está atrás do ex-vice-presidente Barack Obama por oito pontos, em média, nas pesquisas de intenção de voto nacionais, mas a vitória na terça-feira será definida em um punhado de estados onde a margem é muito menor.

Os dois candidatos visitaram vários deles, todos considerados "zonas vermelhas" da Covid-19 pela célula de crise da Casa Branca, no mesmo dia em que os Estados Unidos, que somam mais de 229.000 mortos pelo coronavírus e é o país mais afetado do mundo pela pandemia, bateu o recorde de mais de 94.000 novos casos em 24 horas e superou os 9 milhões de contágios.

Ao percorrer Minnesota e Wisconsin, com escalas de Trump em Michigan e de Biden em Iowa, as diferenças de estilos entre os dois aspirantes ao cargo mais elevado da primeira potência mundial não poderiam ser mais evidentes.

Trump, aparentemente alheio ao avanço do vírus, continua minimizando os riscos da doença. "Se você for infectado, vai melhorar e depois ficará imune", garantiu Trump, de 74 anos, perto de Detroit, em um de seus comícios lotados, nos quais muitos simpatizantes não usavam máscaras. "Só queremos voltar à normalidade", acrescentou.

Embora alguns dados econômicos tenham melhorado nos Estados Unidos, inclusive com uma expansão recorde do PIB no terceiro trimestre, anunciada na quinta-feira, Wall Street encerrou nesta sexta sua pior semana e seu pior mês desde março, uma notícia ruim para Trump, que aposta na fortaleza econômica de seu governo para seduzir os eleitores.

Biden, enquanto isso, intensificou as críticas ao adversário. Em Des Moines, em sua primeira visita a Iowa desde as primárias democratas de fevereiro de 2019, quando ficou em quarto lugar, insistiu em que Trump "acenou a bandeira branca" para a covid-19.

Também o questionou por querer desmontar os benefícios médicos do governo Obama, por não revelar sua declaração de impostos, por negar as mudanças climáticas e por sua política econômica com a China. "Não podemos nos permitir mais quatro anos de Donald Trump", disse Biden em Saint Paul, em outro evento 'drive in', o tipo de ato político que o democrata de 77 anos adotou para evitar a propagação do coronavírus.

"Nada é certo" 

Biden tenta recuperar Iowa, Michigan e Wisconsin, que Trump arrebatou dos democratas há quatro anos. E quer manter Minnesota, que não vota em um republicano desde 1972, mas onde Trump, que pisou nos calcanhares de Hillary Clinton em 2016, espera vencer. "Não dou nada como certo", disse, em contraste com Hillary, que ignorou estados que haviam votado nos democratas durante décadas, como o Wisconsin, onde não fez campanha.

As pesquisas mostram Biden liderando a intenção de votos com folga em Michigan, Minnesota e Wisconsin, mas por apenas 1,3 ponto em Iowa.

Sara Riley, advogada de 61 anos que estava no ato em Des Moines, disse não ter certeza numa vitória de Biden em Iowa. "Não apostaria dinheiro", afirmou, embora acredite que ele vá chegar à Casa Branca.

Assim como Trump e Biden, um recorde de 87 milhões de americanos já votaram antecipadamente pelo correio ou de forma presencial antes do dia da eleição, em 3 de novembro.

Texas do vermelho para o azul?

A disputa eleitoral também chegou ao sudoeste do país nesta sexta-feira, com visitas do vice-presidente Mike Pence ao Arizona, e da colega de chapa de Biden, Kamala Harris, ao Texas, outros dois estados-chave.

O Texas, um reduto tradicionalmente conservador e um disputado troféu que aporta 38 dos 270 votos necessários para vencer no Colégio Eleitoral, poderia surpreender trocando o vermelho dos republicanos pelo azul dos democratas, o que não acontece desde a vitória de Jimmy Carter em 1976.

Nove milhões de eleitores já votaram no Texas, superando o total de votos de toda a eleição de 2016 neste estado. Mas Trump não pareceu preocupado. "No Texas vamos muito bem", disse.

Segundo a média das pesquisas da RealClearPolitics, Trump vence por apenas 2,3 pontos no Texas e a corrida está empatada no Arizona. No sábado, Biden voltará ao Meio Oeste com Obama, em sua primeira aparição em carne e osso neste momento da campanha com quem foi seu braço direito durante oito anos. O cantor Stevie Wonder será um convidado especial.

Em uma reta final intensa, Trump e Biden estão concentrando seus esforços nos campos de batalha que vão decidir as eleições, como a Flórida, onde os dois fizeram campanha na quinta-feira, e a Pensilvânia, destino de Trump no sábado e de Biden no domingo e na segunda.


AFP e Correio do Povo

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