Presidente da Comissão de Arbitragem da CBF questionou se Renato Portaluppi quer que "50 lances" por jogo sejam analisados
A 15ª rodada do Brasileirão foi marcada por declarações fortes contra a arbitragem. Entre os treinadores, Mano Menezes, do Bahia, reclamou muito da atuação de José Mendonça da Silva Júnior, árbitro escalado para o duelo com o Fluminense. Renato Portaluppi, por sua vez, criticou o fato de um suposto pênalti para o Grêmio não ter passado por revisão do árbitro de vídeo na derrota para o Santos. E, entre os cartolas, o presidente do Vasco, Alexandre Campello, chegou a pedir uma "auditoria" nas decisões do VAR, além de pleitear que as conversas entre o árbitro de vídeo e o de campo sejam abertas.
Nesta segunda-feira, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, conversou com o Estadão sobre as polêmicas. Ele considerou corretas todas as decisões que suscitaram reclamações na rodada e enalteceu o VAR. "Ninguém mais fala da decisão técnica. Falam do protocolo, da forma. O índice de erros diminuiu muito, é quase zero", ressaltou.
Para Gaciba, as reclamações ocorrem por desconhecimento - ou, pelo menos, descontentamento - com o protocolo de uso do VAR. Ele citou as críticas de Renato Portaluppi. "Ele acha que o jogo deveria parar 50 vezes se tivessem 50 situações de pênalti, para o árbitro olhar no vídeo antes de tomar decisão do campo. Mas a CBF segue um protocolo internacional, que a Fifa coloca, que prega que sempre que o árbitro de vídeo concordar com o árbitro de campo, quando não tiver uma imagem conclusiva que contradiga, que ele vai manter a decisão do campo."
Sobre a liberação dos áudios durante as revisões, pedida pelo presidente do Vasco, Gaciba informou que isso não pode ocorrer por um veto da Fifa. "Existe um documento, e os clubes receberam esse documento, explicando que não pode disponibilizar o áudio em tempo real", pontuou. "Mas nenhum clube brasileiro, desde o início do projeto, que solicitou à Comissão da CBF ver e ouvir as análises do VAR, teve o acesso negado. Todos que pediram foram atendidos."
Na avaliação de Gaciba, o VAR está sendo bem utilizado no País e isto está se refletindo no desempenho técnico dos árbitros. "Eu estou muito satisfeito com a melhora do árbitro do campo. O campo está acertando 20% a mais do que o ano passado, isso é muito bom. Tivemos duas rodadas em que o árbitro de vídeo durou muito tempo, mas há seis, sete rodadas, o impacto dele em todos os jogos tem sido de 20 minutos, o que dá mais ou menos dois minutos por jogo. É baixíssimo em relação ao resto do mundo."
O ex-árbitro também comentou as fortes reclamações de Mano Menezes, cujos impropérios contra a arbitragem foram captados pelos microfones da transmissão de TV durante a vitória do Fluminense por 1 a 0 sobre o Bahia.
"É um consenso da opinião pública: fugiu da curva", disse. "Mas não quero falar de um caso específico. No meio do futebol como um todo, nós profissionais devemos saber lidar com críticas. E uma orientação que dou a todos meus árbitros é tratar com respeito, esse é o lema. Agora, se eles respeitarem, eles também têm de ser respeitados."
Escolhas
Quando assumiu a Comissão de Arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba extinguiu o sorteio como critério para definição das equipes que trabalham em cada um dos jogos. "A gente faz uma análise técnica, vê o momento do árbitro, a qualificação técnica pro jogo, a importância na tabela de classificação. São muitos fatores. Fazer uma escala de arbitragem requer muito estudo e temos profissionais para isso. A CBF faz 2.500 escalas por ano, são muitos jogos, e a gente escolhe sempre o profissional mais adequado pro jogo", comentou.
O dirigente descartou que a comissão receba pressão de qualquer lado ou que aceite "vetos" de clubes na hora de definir os profissionais para cada jogo. "Uma das coisas que norteiam a CBF é a independência do departamento de arbitragem. É uma norma do presidente Rogério Caboclo: nós temos total liberdade para escalar, não temos nenhum tipo de influência da CBF ou dos clubes. Não existe veto."
•• Confira as análises de Gaciba sobre as polêmicas de arbitragem:
• VASCO 1 X 2 FLAMENGO
Reclamação: gol do Vasco anulado por impedimento.
"Decisão técnica perfeita. Além da imagem que foi mostrada pela câmera 7, onde é feita a linha de impedimento, tem uma imagem invertida da jogada que mostra exatamente o que aconteceu dentro de campo de jogo. O jogador estava adiantado e o gol foi bem anulado."
• FLUMINENSE 1 X 0 BAHIA
Polêmica: dois possíveis pênaltis para o clube carioca, um dos quais não assinalado.
"As decisões técnicas foram todas corretas. A marcação da penalidade - que acabou gerando o gol - foi um tranco ilegal, empurrão pelas costas, sendo detectado pelo árbitro de vídeo e a revisão correta feita. O segundo lance polêmico, da questão do toque de mão do jogador do Bahia dentro da área, análise perfeita do árbitro de vídeo de não chamar para revisão."
• SANTOS 2 X 1 GRÊMIO
Polêmica: VAR aponta pênalti para o Santos, mas não é acionado em possível penalidade para os gaúchos.
"O primeiro pênalti marcado foi pelo campo, não teve auxílio do VAR. O segundo pênalti marcado foi através de uma revisão do árbitro de vídeo, que o árbitro de campo não conseguiu perceber. A respeito da mão na bola, a bola bate no braço e o braço está em posição natural. Cem por cento dos comentaristas concordaram que não era pênalti, e o árbitro de vídeo não chama quando a decisão do campo é correta. Isso é protocolo."
• CEARÁ 2 X 1 CORINTHIANS
Expulsão de Eduardo.
"Movimento de gatilho, fora da disputa da bola. O jogador joga o cotovelo com força desproporcional no rosto do adversário. Pra mim se enquadra em conduta violenta. Decisão final da arbitragem de expulsão foi corretíssima."
Pênalti de Cássio.
"O Cássio, ao se levantar, calça o jogador. Contato do joelho direito na perna do jogador e derruba dentro da área. Falta por imprudência e tiro penal bem marcado."
Agência Estado e Correio do Povo
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