quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Ato contra reforma administrativa mobiliza servidores públicos em Porto Alegre

 Manifestantes afirmaram que as mudanças vão "destruir direitos históricos" e promover desmonte do serviço público



Servidores públicos estaduais, municipais e federais se concentraram em frente à sede da Prefeitura de Porto Alegre nesta quarta-feira, na data em que se comemora o Dia do Servidor Público, para protestar contra a reforma administrativa proposta pelo governo Jair Bolsonaro que prevê, entre outras coisas, novos regimes de vínculo no serviço público e alterações na organização da administração pública. Com bandeiras e faixas, os manifestantes afirmaram que as mudanças vão 'destruir direitos históricos' e promover desmonte do serviço público.

Como parte das mobilizações em todo país, a Frente de Servidores Públicos (FSP/RS), que reúne mais de 20 entidades representativas das três esferas do funcionalismo gaúcho, organizou o ato na Capital. Integrantes do Cpers Sindicato, do Sindicato dos Servidores da Justiça Estadual (Sindjus) e do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União (Sintrajufe/RS), reforçaram a mobilização. Coordenador-geral do Sindjus, Fabiano Zalazar afirma que a reforma visa precarizar o serviço público. "Estamos denunciando o caráter nocivo e predatório da reforma administrativa que caminha a passos rápidos em Brasília", destaca.

Direitos históricos

Na avaliação de Zalazar, que é servidor da Justiça estadual, as mudanças propostas pelo governo federal vão 'destruir' direitos históricos dos servidores públicos e prejudicar a sociedade. "O que a gente está assistindo é um desmonte total dos serviços públicos, da saúde, educação, assistência social, da previdência, que vai prejudicar as pessoas. A pandemia vem nos mostrar isso nesse momento, o quão necessário são os serviços públicos para a população", defende. Em todo estado, a FSP vai lançar 200 outdoors chamando atenção para a reforma. "Queremos mostrar que não é uma reforma administrativa, mas o fim dos serviços públicos", observa.

Diretor do Sintrajufe-RS, Marcelo Machado Carlini garante que a mobilização visa denunciar o caráter da reforma administrativa. "Nada mais elucidativo nesse reforma do que a medida do governo Bolsonaro de tentar privatizar os postos de atendimento básico na saúde. Esse é o modelo da reforma administrativa, tirar a responsabilidade do estado na saúde, na educação, na Justiça, de setores essenciais da população e entregar esses serviços para o setor privado", avalia.

Conforme Carlini, a campanha do governo de que a reforma afeta só os novos servidores cria uma situação de tranquilidade para os atuais. "Essa reforma pega os futuros (servidores), é verdade, mas também pega os atuais, os ativos e os aposentados", completa.

Carlini ressalta que a redução de salário prometida pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que deve ser votada no final de 2020, atinge servidores atuais. "Ele (Maia) promete reduzir entre 12,5% e 25% dos salários em nome do ajuste fiscal. A gente sabe que motivo real é o vencimento de uma dívida de R$ 643 bilhões no primeiro semestre de 2021, valor equivalente a um ano inteiro do auxílio emergencial para mais de 60 milhões de pessoas", frisa.


Correio do Povo

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