quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Paralisação do setor de eventos prejudica retomada dos food trucks em Porto Alegre

Estima-se que entre 25 e 30 estabelecimentos estejam sem operar desde março, quando teve início a pandemia

Durante todo este período de pandemia, a alternativa para a alguns foi deixar os veículos parados

Os empreendimentos da área de gastronomia têm sido duramente castigados durante a pandemia de Covid-19, sem poder funcionar ou quando pode, é sob muitas restrições. Situação não é fácil nem para quem tem um restaurante sobre rodas, que é o caso dos food trucks. Em Porto Alegre, estima-se que entre 25 e 30 estabelecimentos estejam sem operar desde março. No Rio Grande do Sul, o número pode ficar perto de 400. 
Com um modo peculiar de funcionamento, muitos dos food trucks costumavam se reunir em eventos, praças e parques, o que facilitava a divisão de custos, como o de um gerador de energia. Mas com a população impossibilitada de se aglomerar, eventos foram suspensos e com isso, o funcionamento dos food trucks praticamente paralisou. Em Porto Alegre, empresários se queixam que a situação fica ainda mais dificultada por causa de uma lei municipal, que amplia restrições onde os empreendedores podem estacionar seus restaurantes.

Levantamento 

A Associação Gaúcha de Gastronomia Itinerante do Rio Grande do Sul (AGIRS) está realizando um levantamento para saber quantos food trucks resistiram à pandemia. “Tanto os eventos quanto as restrições pesaram. Com a pandemia, perdemos os eventos. Então ficou muito difícil desde a criação da ‘Lei Camozzato’. Estamos praticamente banidos”, se queixa o presidente da entidade, Neno Gutterres. 
A legislação a qual o empresário se refere, é uma lei municipal aprovada em 2018, de autoria dos vereadores Comandante Nádia (DEM), Felipe Camozzato (Novo), Mendes Ribeiro (DEM), Moisés Barboza (PSDB) e Ricardo Gomes (DEM), que obriga os food trucks a se manter a uma distância mínima de 100 metros de restaurantes e danceterias, e de 150 metros de shoppings e centros comerciais. Também proíbe o estacionamento de quatro veículos no mesmo raio de 100 metros e a venda no trecho na Orla Moacyr Scliar.
Durante todo este período de pandemia, a alternativa para a alguns foi deixar os veículos parados. Alguns empreendedores do ramo têm também conquistado espaços privados. “Alguns empreendimentos conseguem nos convidar para fazermos algo dentro, como em lojas de grande porte ou condomínios”, descreve. Desta maneira, poucos, segundo Gutterres, têm conseguido o mínimo de atividade. 
“Tenho dois carros e vamos mantê-los. Mas desde que começou a pandemia, eles estão parados. Mas tenho as lojas físicas. Se dependesse só dos food truck, não teria nada”, conta o empresário Marcos Correa, 51 anos, de Guaíba, que trabalha com sorvete expresso, milk shake e açaí há 3 anos nos food trucks. “Sugerimos fazer um cercamento, para não fazer uma fila, só para fazer um take away. Ninguém quer furar o protocolo. Só queremos trabalhar”, assegura o presidente, que tem três carros e vai se desfazer de um deles para tentar fazer um capital de giro.

Legislação 

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre, Leonardo Hoff, confirma ter recebido a demanda do setor, mas admite que não tem o que fazer em relação à legislação aprovada pela Câmara. “Nos encaminharam um ofício. Estão solicitando que até seis caminhões fiquem juntos nas ruas. E nós não temos como encaminhar isso na Câmara. Orientei eles a atuarem junto ao Legislativo, aos parlamentares”, revela. 
Conforme Hoff, o meio mais rápido da categoria voltar à atividade será por meio dos eventos. “Tivemos um final de semana inteiro de testes de protocolos para a retomada dos eventos. Está mais próximo disso acontecer. Agora, se quiserem abrir nas ruas, dentro das regras atuais, precisam seguir os mesmos protocolos de bares e restaurantes da Covid-19”, reforça o secretário.

Correio do Povo

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