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sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Comércio e serviços apresentam novas demandas de flexibilização para prefeitura de Porto Alegre

Entre as propostas está ampliação do horário e abertura de bares e restaurantes aos domingos

Bares e restaurantes desejam estender o horário de funcionamento até a meia-noite, de segunda-feira a sábado, e abrir aos domingos

Os setores de comércio e serviços, impactados pela pandemia, apresentaram nesta quinta-feira, em videoconferência com a equipe técnica da prefeitura, novas demandas de flexibilizações. Os bares e restaurantes desejam estender o horário de funcionamento até a meia-noite, de segunda-feira a sábado, e abrir aos domingos. Já o comércio pleiteia a reabertura dos cinemas, avaliando que o segmento pode colaborar para alavancar as vendas. 
As propostas apresentadas serão analisadas pelo Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus. A administração municipal informou, no entanto, que a prioridade no momento é estabelecer os protocolos para construir o modelo de retomada das atividades educacionais em Porto Alegre, incluindo aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Estima-se que o setor de Ensino na Capital movimente cerca de 400 mil porto-alegrenses, entre alunos e profissionais.
"Todas as evidências e experiências buscadas em outros países, levam a Secretaria Municipal da Saúde e o governo a terem a confiança de que podemos abrir, dentro das escolhas que devemos fazer. E nossa escolha neste momento é a educação, que já perdeu muito. Não há mais motivos para não reabrirmos paulatinamente as atividades de ensino. Precisamos recuperar uma parte desse prejuízo. Portanto, é importante fazer escolhas olhando para a frente e avançando dentro de uma estrutura de segurança para evitar que, no final do ano, tenhamos que retroceder e ampliar as restrições", salientou o prefeito Nelson Marchezan Júnior.
A presidente Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel-RS), Maria Fernanda Tartoni, ressaltou que o faturamento do setor corresponde hoje a 30% dos valores contabilizados antes da pandemia, destacando que a ampliação em uma hora do horário de funcionamento e a abertura aos domingos seriam fundamentais para amenizar as perdas.
O presidente da Associação dos Comerciantes da Cidade Baixa (ACCB), Moacir Biasibetti, tem a mesma opinião. Segundo ele, o domingo é o principal dia de faturamento de bares e restaurantes. "O domingo corresponde a três dias de vendas na semana. Com o uso da luva, aumentou em 50% a procura por bufês, mas ainda não chegamos ao ponto de equilíbrio", observou Biasibetti.
Ele ainda lamentou que alguns estabelecimentos da Cidade Baixa terem se transformado em "take away" de bebidas alcoólicas, promovendo aglomerações nas calçadas. "Estamos empenhados em evitar que isso aconteça, mas infelizmente aconteceram nos dois últimos finais de semana. É preciso que adquiram as bebidas e as levem para consumir em casa", advertiu.
O presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre e Região Metropolitana, Henry Starosta Chmelnitsky, ressaltou que não podem ocorrer retrocessos, destacando que os proprietários dos estabelecimentos devem cumprir os protocolos à risca. "Medidas de curto prazo, na base da emoção, podem nos custar o final do ano. Aumentar a quantidade de horas vai gerar mais vendas ou será que vai nos aumentar a distância para o ponto de equilíbrio? Queremos avançar com segurança", enfatizou.
O presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, ressaltou que o movimento ainda não voltou à normalidade. Por conta disso, sugere que o comércio de rua funcione até às 18h e os shopping center até às 22h, principalmente no período que anteceder o Dia das Crianças. "A medida seria viável, considerando que na Primavera e no Verão, os dias são mais longos", sintetizou.
A dirigente da Abrasel, por sua vez, reivindicou a reabertura dos cinemas. No seu entendimento, a medida poderia incrementar o movimento de restaurantes de shopping center. "Estamos empenhados para evitar aglomerações e não concordamos com situações isoladas que estão acontecendo. A população precisa nos ajudar. Não podemos prejudicar uma classe inteira por situações individuais. Estamos comprometidos para conquistar novos avanços, tudo dentro do seu tempo", afirmou. 
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, Irio Piva,  disse que os setores devem se empenhar para que não ocorram retrocessos. "Precisamos valorizar o que já avançamos. O momento é de organizar as atividades, ao invés de priorizar a ampliação de horários", argumentou.
Ele ainda avaliou que os shoppings seguem com faturamento baixo e que a retomada dos cinemas, fechados desde março, representaria um fôlego para o varejo, com aumento de circulação de pessoas nos centros comerciais. O prefeito revelou que deve se reunir em separado com representantes de shopping centers e supermercados em separado. Mas adiantou que "talvez não seja o melhor momento" para reabrir os cinemas, justamente por serem ambientes fechados e climatizados. 
"Igualmente não é uma hora a mais de funcionamento e a abertura aos domingos que vai solucionar todos os problemas", assinalou.
Ao término do encontro, Chmelnitsky pregou a união das entidades e sugeriu a realização de uma campanha, com ênfase para os protocolos de segurança, "a fim de estancar o medo" e valorizar os empreendimentos que seguem protocolos adequados de proteção de seus clientes. "A população precisa circular com segurança. Será difícil retomarmos os negócios sem nos comunicarmos bem com nossos clientes".
O secretário municipal da Saúde, Pablo Stürmer, observou que a ocupação de leitos de UTI por pacientes confirmados para Covid-19 está em 34,77%, com números semelhantes aos registrados em julho. "A média de distanciamento social está 35,3%. Antes da pandemia, era 28%. O maior isolamento atingiu 61% na segunda quinzena de março", revelou.
Segundo ele, os coletivos transportam, atualmente, uma média diária de 330 mil passageiros - volume bem superior ao registrado em 24 de março: 165,6 mil. Lembrou ainda que, no momento, 55 mil veículos ingressam diariamente na capital gaúcha, mais do que o dobro do movimento registrado no início da pandemia. "Apesar do novo coronavírus, entre janeiro e julho o saldo de óbitos em Porto Alegre foi 2,4% ao total de mortes contabilizadas em igual período de 2019", comparou.
Em Palmas, a queda foi de 8,3%, em João Pessoa, de 1,3% e em Campo Grande, de 0,6%. "Nos sete primeiros meses do ano, São Paulo registrou crescimento de 18,9% no número de óbitos e o Rio de Janeiro, de 18%", acrescentou.


Correio do Povo

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