Documentos recebidos pelo Ministério Público do Rio apontam para o pagamento de R$ 9 milhões da empresa a Frederick Wassef
O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou a apuração de informações sobre pagamentos do grupo J&F a Frederick Wassef, advogado que atendia o presidente Jair Bolsonaro e é dono do imóvel em que o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz foi encontrado.
Documentos recebidos pelo Ministério Público do Estado Rio de Janeiro apontam pagamento de R$ 9 milhões da JBS, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista, entre 2015 e 2019. As informações foram reveladas pela Revista Crusoé.
Aras vai solicitar ao MP estadual do Rio de Janeiro acesso a essas informações. "Eventual irregularidade poderá reforçar os indícios de omissão nos acordos de colaboração premiada dos executivos da companhia", informou em nota a PGR.
No segundo semestre do ano passado, Frederick Wassef compareceu à PGR (Procuradoria-Geral da República) para uma reunião com o então coordenador dos processos relacionados à Operação Lava Jato na PGR, o subprocurador-geral da República José Adonis Callou. A intenção dele era discutir o acordo de leniência do grupo empresarial, que havia sido rescindido pela Procuradoria-Geral.
O acordo foi assinado em 2017, na gestão Rodrigo Janot, procurador-geral da República que veio a rescindir o trato, diante da suspeita de que o então procurador da República Marcelo Miller teria feito jogo duplo, atendendo à empresa enquanto ainda fazia parte do MPF.
Segundo Callou, Wassef foi encaminhado a seu gabinete pelo gabinete do procurador-geral. A conversa teria sido rápida, pois o advogado não tinha procuração para o caso sobre que desejava tratar. "Ele disse que apresentaria, mas não retornou. A conversa foi somente essa", disse Callou ao Estadão.
A PGR disse, em nota, que Augusto Aras não participou de nenhum dos contatos que trataram de eventual proposta de repactuação do acordo de colaboração premiada da JBS com envolvimento do advogado Frederick Wassef. "Todas as solicitações de audiência para tratar de assuntos jurídicos que chegam ao gabinete do PGR são direcionadas para os procuradores que atuam na respectiva matéria. O PGR dedica-se às áreas constitucional e cível perante o STF.
O procurador-geral da República afirma que não recebeu solicitação de nenhuma natureza por parte do presidente da República, e desconhece supostos telefonemas do presidente para qualquer membro do MPF. A PGR reitera posição contrária a uma eventual renegociação com os colaboradores", diz a nota.
Outros lados
Em nota, Wassef afirma que "qualquer tema relacionado à JBS ou qualquer outro cliente do meu escritório, não foi tratado com o Procurador Geral da República". "Dentro das minhas competências como advogado, não atuei junto a PGR em nome da JBS no final de 2019 conforme noticiado pela mídia", disse ele.
"É importante salientar ainda que o Presidente da República, Jair Bolsonaro, jamais ligou ou pediu para que o Procurador Geral da República, Dr. Augusto Aras, me atendesse", completou ele, que ainda classificou como "fake news" as tentativas "com a clara intenção de disseminar confusão, causar dano e atacar a imagem e a idoneidade do Presidente da República.
Até a publicação desta matéria, a reportagem entrou em contato com a JBS, mas ainda não havia recebido uma resposta. O espaço permanece aberto a manifestações.
R7 e Correio do Povo
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