quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Empresários ainda buscam flexibilização do comércio aos sábados em Porto Alegre

Prefeito Nelson Marchezan Júnior realizou uma nova reunião nesta terça com o setor

Empresários de vários setores reiteraram que existem demandas a serem atendidas para contemplar o funcionamento

O prefeito Nelson Marchezan Júnior esteve reunido, na tarde desta terça-feira, com representantes das entidades empresariais de Porto Alegre para tratar sobre as possibilidades de novas alterações nas liberações das atividades econômicas na cidade. Durante o encontro virtual, empresários de setores como serviços, comércio e alimentação, reiteraram que ainda existem demandas a serem atendidas para contemplar o funcionamento dos estabelecimentos.
As principais demandas apresentadas pelos empresários são: funcionamento do comércio e dos serviços em geral, tanto na rua quanto em shoppings centers, aos sábados. Além disso, o setor da alimentação busca uma flexibilização para que os estabelecimentos possam funcionar também no turno da noite e aos finais de semana.
Ainda nesta semana, conforme Marchezan, devem acontecer reuniões com líderes religiosos e também com o setor educacional. "Até sexta devemos ter conversado com outros setores para poder ter amadurecido essa situação. Quem sabe até lá possamos construir outras alternativas", destacou. Ele ainda pontuou que está acompanhando as necessidades dos empresários, mas usou exemplos como a Coreia do Sul e Israel, que estão vivendo novas ondas da pandemia, para sugerir que sejam mantidas certas restrições. 
"Assim teremos um pouco mais de segurança que vamos manter as atividades de forma permanente e não retornar mais atividades e, em breve, termos mais restrições", assinalou. Por outro lado, Marchezan comentou sobre os setores que "não tiverem oportunidade", até o momento, de retornar suas atividades: como a área da educação e o setor de eventos. "Sabemos que são demandas importantes, conhecemos as necessidades, só queria ponderar os riscos que isso pode trazer e as opções de outras atividades retornarem antes da ampliação daquelas que já estão funcionando", complementou. 

Entidade propõe abrir sábado e fechar na segunda

De acordo com o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, os lojistas atualmente estão trabalhando cinco dias por semana e com um faturamento que gira em torno de 25% a 30%. "Depois de quatro meses fechados, tivemos problemas com taxas, capital de giro, muitas empresas fecharam e muitas ainda vão fechar. Pela análise que fizemos, o pico já passou, não houve um crescimento e vemos que haveria possibilidade de maior flexibilização. Sem o sábado, temos uma morte lenta", definiu. Ainda segundo Kruse, é preciso garantir uma condição melhor para o comércio. 
"Não pedimos domingo, poderíamos trocar o sábado pela segunda-feira, mas nós estamos falando pela sobrevivência das empresas, principalmente das pequenas. Teremos uma quebradeira muito grande se permanecer assim", reiterou. Ainda sobre o funcionamento, o presidente da CDL Porto Alegre, Irio Piva, complementou que permitir a abertura das lojas aos sábados "é vital".
Piva também ressaltou que, como os setores de construção civil e indústria não operam aos sábados, isso também poderia favorecer uma diminuição na circulação de pessoas, mesmo com a abertura do comércio. Com relação às demandas, as entidades elaboraram um documento em conjunto com uma série de propostas que foram encaminhadas ontem à Prefeitura.
Sobre isso, o prefeito Nelson Marchezan Júnior disse que as propostas das entidades serão analisadas nesta quarta-feira, na reunião do Comitê Temporário de Enfrentamento ao Coronavírus, mas adiantou que dificilmente todas serão acatadas de imediato. "Se houver uma abertura já neste sábado, o que é pouco provável, será combinado com vocês entre quarta ou quinta-feira, para darmos um prazo adequado", informou Marchezan.
Durante a reunião, Marchezan enfatizou que as questões serão tratadas mas que, no entendimento dele, seria um equívoco ampliar as liberações depois de duas semanas da retomada das atividades. "Podemos chegar a uma situação frustrante ali adiante", disse. 

Ponto de equílibro 

Um dos diretores da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), Eduardo Oltramari, enfatizou que é preciso entrar um ponto de equilíbrio para dar sustentabilidade às operações. "Se isso não existir, se estabelece uma sobreposição dos custos fixos, inerentes à aplicabilidade dos próprios custos públicos, que continuam recaindo sem nenhuma flexibilização sobre as nossas atividades", comentou.
Oltramari ainda sugeriu que a Prefeitura faça uma análise comparativa das restrições existentes principais capitais brasileiras. "A minha contribuição é para que essa importante e significativa equação do ponto de equilíbrio seja levada para consideração para avaliação de reversão das restrições", finalizou.
O secretário municipal de Saúde, Pablo Stürmer, declarou que não é possível calcular os impactos de novas liberações. "Se tivéssemos a conta exata, não teríamos nenhum erro. Então temos que ter muito cuidado. Se erramos para menos, a gente pode aos poucos corrigir. Se erramos para mais, temos que ficar muitos dias corrigindo esse erro. É um cuidado que precisamos ter", afirmou, referindo-se à possibilidade de ampliação das flexibilizações. 
O presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), Henry Chmelnitsky, destacou que o setor está combalido. "Restaurantes do Centro, por exemplo, estão vendendo entre 14% a 18%, temos que ter a sensibilidade de olhar alguns modelos que foram feitos. A questão de nós termos uma parte da noite é fundamental, porque não adianta estarmos abertos das 15h às 19h, ninguém janta nesse horário", destacou.
O vice-presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Cláudio Zaffari, resumiu as propostas das entidades. Segundo ele, a ideia é propor o funcionamento dos estabelecimentos em seis dias da semana, tanto comércio em geral, quanto serviços e também alimentação. "Seis dias seria o ideal, ou então o sacrifício da segunda para que seja possível abrir no sábado, durante 8h por dia, sendo 6h de atendimento presencial", disse. 

Reunião para sensibilizar proprietários de imóveis

Um dos maiores problemas enfrentados pelos empresários que retomaram as atividades nas últimas semanas, conforme os representantes das entidades, é o pagamento dos funcionários e também os custos com o aluguel. Como os faturamentos despencaram, muitos lojistas e donos de restaurantes não estão conseguindo cumprir com os gastos. "As pessoas estão gastando em mão de obra, estão pagando aluguel do que não estão vendendo. O custo fixo é absurdamente alto e os donos dos imóveis não estão oferecendo desconto", comentou o presidente do Sindha, Henry Chmelnitsky.
E Chmelnitsky ainda destacou que os aluguéis nos shoppings centers têm sido ainda mais complicados. Com relação a isso, o prefeito Nelson Marchezan Júnior sugeriu que seja realizado uma reunião com as maiores imobiliárias da Capital, com os proprietários de imóveis comerciais e com os shoppings, para que a Prefeitura possa tentar ajudar aos empresários de alguma forma. "Se isso for conveniente, me disponho que a gente marque uma reunião já nesta semana, apelando aos shoppings e às imobiliárias, para que possamos buscar uma sensibilização para uma relação mais equânime", sugeriu. 

Correio do Povo

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