Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, controlada pelos democratas, pediu explicações ao diplomata sobre medidas comerciais adotadas pelo Brasil que poderiam ajudar a campanha do presidente
O embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, negou na segunda-feira, 3, que tenha pedido ao governo brasileiro para derrubar tarifas de importação do etanol americano para ajudar a reeleição de Donald Trump. O Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, controlada pelos democratas, pediu explicações ao diplomata sobre medidas comerciais adotadas pelo Brasil que poderiam ajudar a campanha do presidente.
"Qualquer interpretação de que minha defesa de longa data dos interesses comerciais, durante um ano eleitoral, foi uma tentativa para beneficiar um candidato presidencial específico é simplesmente incorreta", afirmou Chapman, em nota publicada ontem pela embaixada americana.
Hoje, o Brasil dá isenção na importação de até 750 milhões de litros de etanol por ano - a partir daí a tarifa é de 20%.
Segundo a coluna do jornalista Lauro Jardim, no O Globo e reportagem do Estadão, o diplomata teria pedido, em encontro com membros do governo, que as tarifas fossem reduzidas a zero e indicado a importância para Jair Bolsonaro de manter Trump na presidência. O embaixador nega ter pedido ajuda.
"Em nenhum momento solicitei aos brasileiros que tomassem quaisquer medidas em apoio a qualquer candidato presidencial. Como diplomata de carreira, com quase 30 anos de serviço público, tive o prazer de servir ao governo dos EUA sob ambos os partidos", afirmou Chapman.
Em carta à embaixada dos EUA em Brasília, enviada no fim de semana, o presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, o democrata Eliot Engel, disse que um eventual pedido de Chapman de apoio a Trump seria "completamente inapropriado" para um embaixador e contra a lei.
O Estadão reitera a apuração sobre as conversas entre Chapman e representantes do governo brasileiro. No caso do etanol, uma mudança na cota poderia ser explorada politicamente por Trump junto aos agricultores do Meio-Oeste, base do eleitorado republicano. O etanol americano é produzido do milho, com subsídios. A pandemia reduziu a demanda, derrubando os preços dos combustíveis e agravando a situação dos produtores.
Agência Estado e Correio do Povo
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