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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Em crise, Inter tem cerca de R$ 16 milhões a receber da BRio

Pelo contrato de exploração do estádio, empresa e clube dividem os custos comuns. Parceira do Inter, porém, nunca cumpriu com a sua parte

Inter tem dinheiro a receber da administradora do Beira-Rio

O Inter conta cada centavo para pagar seus jogadores e funcionários, desde a chegada da pandemia que paralisou o futebol por quatro meses. Vive uma crise histórica, que impele os dirigentes a tomarem medidas drásticas, como foi a demissão de 44 trabalhadores, em maio, e a venda prematura de jogadores, como ocorreu com Bruno Fuchs mais recentemente. Enquanto isso, o clube tem aproximadamente R$ 16 milhões a receber da BRio, empresa que é parceira do clube na administração do Beira-Rio. Pelo menos por agora, porém, não cobra o valor e não acena com essa possibilidade. 
A origem da dívida é histórica. No contrato que possibilitou a reforma do estádio, ficou acertado que as despesas de manutenção de todo o complexo (água, energia elétrica, segurança, limpeza, reformas, impostos e taxas, etc) que não poderiam ser individualizadas (ou seja, impossíveis de determinar quem deu origem ao gasto), durante o prazo de duração da parceria (20 anos), seriam fatiados na proporção de 34% para a BRio e 66% para o clube. Ocorre que a empresa jamais bancou a sua parte na divisão, deixando toda a conta para o clube. Após seis anos, o montante da dívida da BRio com o Inter chegou a R$ 16 milhões, em valores atualizados até maio.
Um primeiro acerto de contas ocorreu no final de 2016, quando representantes do clube e da empresa reuniram-se e concluíram que, entre 2015 e 2016, o Inter tinha um crédito de R$ 6 milhões. A partir deste primeiro acerto de contas, as áreas operacionais do clube e da BRio passaram a trocar informações sobre a evolução da dívida, gerando um tipo de relatório. Em maio último, três anos e meio após o primeiro acerto de contas, o montante encostou nos R$ 16 milhões, de acordo com este acompanhamento mensal. 
Após questionamento de um grupo de conselheiros, o valor foi confirmado pelo clube em carta assinada pelo 2º vice-presidente eleito do Inter, Alexandre Chaves Barcellos. “Muito embora o clube tenha a convicção de que o crédito lhe assiste, a opção por ir administrando a conta corrente atende, primeiro, a uma tentativa de encontrar o momento propício para que seja satisfeito sem necessidade de instauração de um conflito com o parceiro e, em segundo lugar e principalmente, pelo fato de que a BRio se diz credora do clube por conta de outro tema”, assinala o dirigente. 
Ou seja, ao mesmo tempo que ressalta a existência da dívida, lembra que a Brio, além de ser uma parceira do clube, também levanta uma outra pendência. A empresa alega que o clube lhe deve um valor relativo a uma discussão, também com origem em 2014, sobre a exploração da venda de camarotes realizada pelo clube antes da entrega do estádio reformado. O tema, entretanto, é controverso – enquanto a dívida de R$ 16 milhões é certa. O Inter encomendou um estudo jurídico que não reconhece a pendência. A BRio solicitou outro, que sugere a existência do crédito.
Por isso, o clube sustenta, na carta enviada aos conselheiros, que a negociação dos R$ 16 milhões deve ser feita em momento próprio. “Em se tratando de uma relação de parceria de longa duração, a Gestão do Clube vem optando por uma linha de negociação e de evitação do conflito”.
Não é exatamente esse o entendimento do Conselho Fiscal do Inter, que, em ofício endereçado ao presidente do Conselho Deliberativo, José Aquino Flores de Camargo, no dia 18 de agosto, recomendou que o clube “notifique (a BRio) formalmente sobre o valor que compõe a dívida decorrente do contrato” e que garanta “a preservação do seu crédito, aqui recomendando este Conselho Fiscal que a Gestão tome as medidas tendentes a evitar a prescrição”.
O Correio do Povo entrou em contato com o Inter e com a Brio. A empresa afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria se manifestar neste momento. Pelo Inter, falou Alexandre Chaves Barcellos: “O clube e a BRio têm uma relação de crédito e débito que está sendo equalizada pelos setores financeiros e jurídicos das duas partes. Não há crise ou litígio algum. Pelo contrário. Há uma negociação em andamento”.
O contrato
A reforma do Beira-Rio foi possível graças à parceria com a construtora Andrade Gutierrez (AG). Segundo o contrato, a empresa bancaria os mais de R$ 300 milhões necessários à adequação do estádio aos padrões exigidos para a Copa do Mundo de 2014 em troca da exploração de algumas áreas, como camarotes, 5 mil cadeiras, skyboxes e lojas, entre outros, por um período de 20 anos. Para administrar esse negócio, a AG associou-se a um banco investidor e fundou a BRio. Uma das previsões do contrato é a divisão das despesas geradas pela manutenção do estádio na proporção de 34% para a BRio e 66% para o Inter.

Correio do Povo

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