Presidente descarta tirar abono salarial de 12 milhões de pessoas para reforçar Renda Brasil
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, em Ipatinga (MG), que não vai mandar ao Congresso Nacional o projeto do ministro da Economia, Paulo Guedes, de enviar os recursos do abono salarial do Pis/Pasep para o novo programa Renda Brasil. "Não posso tirar de pobre para dar para paupérrimos", justificou.
"O abono, para quem ganha até dois salários mínimos, representaria um décimo quarto salário. Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar para um programa Bolsa Família ou Renda Brasil, seja lá o que for o nome desse novo programa. Ou o Brasil começa a produzir, começa realmente fazer um plano que interessa a todos nós, que é o melhor programa social que existe, o emprego, ou estamos fadados ao insucesso", declarou.
De forma enfática, Bolsonaro falou que não pode fazer milagre e pediu a ajuda de todos os brasileiros para tirar o país da crise em que se encontra. O presidente foi a Ipatinga para reinaugurar um dos fornos de produção de ferro guza da Usiminas. Ele estava ao lado do governador do Estado, Romeu Zema (Novo).
Ao abrir seu discurso, Bolsonaro afirmou que sente Minas Gerais como seu segundo Estado natal — apesar de ter sido eleito várias vezes no Rio de Janeiro, onde mora sua família, ele é natural de São Paulo. Contou também que a Santa Casa de Juiz de Fora é sua segunda maternidade. "Primeiramente Deus, mas também os profissionais de saúde salvaram minha vida", disse, referindo-se ao atendimento após a facada sofrida em setembro de 2018.
Bolsonaro voltou a criticar os jornalistas, "o dia em que eu for elogiado pela imprensa pode ter certeza que o Brasil está indo mal", e comentou se orgulhar de ter montado uma equipe de governo "basicamente pelo critério técnico".
Em uma análise sobre o que poderia ter ocorrido com o país se não tivesse surgido a pandemia de Covid-19, Bolsonaro exagerou nos números ao dizer que a previsão era de que o Brasil cresceria 3% em 2020 — Guedes projetava de 2% a 2,5% nos cenários mais otimistas.
Pandemia e auxílio emergencial
O presidente enfatizou que errou quem quis se preocupar apenas com a saúde nesse período, deixando de lado a economia. "Lamentamos as mortes, não só essas como todas as mortes. Mas devemos enfrentar, não podemos só ficar em casa a vida toda. Tem muita gente, principalmente os informais, que não podiam ficar parados", argumentou.
Para Bolsonaro, o Brasil foi um exemplo no enfrentamento dos problemas econômicos surgidos com a pandemia. "Atendendo ao maior número de pessoas que necessitavam, em especial os desassistidos, os invisíveis ou os informais, que chegam na casa de 65 milhões de pessoas. Era para durar três meses num primeiro momento, mas completamos agora em agosto cinco meses do benefício."
E prosseguiu: "R$ 50 bilhões por mês é uma conta pesada. Sabemos que R$ 600 é pouco para muita gente que recebe, mas é muito para o país que se endivida. Temos que ter um ponto final nisso. Não podemos 'ad eternum' bancar 65 milhões de pessoas. Decidimos extendê-lo até dezembro, mas o valor será discutido ainda."
Jeitão mineiro
O governador Romeu Zema afirmou que a retomada da economia é uma realidade. "Nós anunciamos ontem mais R$ 100 milhões de investimentos do Estado para algumas obras importantíssimas, para todas as regiões do Estado." De acordo com o governador, sua administração tem desburocratizado diversos setores da economia, o que tem ajudado Minas a receber investimentos.
Zema também comemorou que o Estado tem, segundo ele, a menor taxa de óbitos do país na pandemia de covid-19. "Conseguimos isso devido nossa forma de ser. O mineiro é criterioso, desconfiado e com certeza fez o distanciamento e tomou as medidas necessárias. Está cedo para comemorar qualquer vitória, mas o melhor parece ter ficado para trás."
R7 e Correio do Povo
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