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terça-feira, 4 de agosto de 2020

Bispo Guaracy garante medidas de proteção e pede reabertura de Igrejas em Porto Alegre

Trabalhos sociais e de apoio espiritual a fieis são importantes durante a pandemia, mas estão afetados pela proibição de funcionamento de locais religiosos

Bispo pediu mais diálogo por parte da prefeitura

Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Rádio Guaíba, o bispo Guaracy Santos, da Igreja Universal do Reino de Deus, fez um apelo ao prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., pela reabertura de templos e igrejas, e por maior diálogo do gestor com a comunidade religiosa. De acordo com o líder espiritual da Universal, medidas de combate à Covid-19 foram adotadas e os locais de culto seguem os protocolos, por isso não haveria razões para a proibição de sua operação, importante no auxílio psicossocial a milhares de fiéis.
Guaracy também apontou que os decretos do gestor municipal ferem a Constituição, que garante, no artigo 5º, VI, a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.
"Gostaríamos que ele reconhecesse a essencialidade das Igrejas como fez o presidente Jair Bolsonaro e o governador Eduardo Leite. Que ele restrinja, mas não roube e funcionalidade amparada na Constituição", defendeu, explanando também a importância do trabalho realizado pela Igreja. "Não tenho gestão da infectologia, não entendo do vírus. O que posso fazer é orar e torcer para ele sumir do planeta, mas entendo de gente. Sei cuidar de pessoas, existem coisas para as quais não existem soluções patológicas porque não são problemas patológicos", afirmou.
Segundo Guaracy, o momento de pandemia traz muitas pressões que podem levar à depressão. "A pessoa pira, ela vai à depressão, existem coisas que são genitoras de outras". Para ele, escolher o tratamento psicológico que melhor convém é uma escolha pessoal agora afetada pelos decretos. "Para algumas pessoas, é o templo. A fé é a mola propulsora para a cura da alma, e você precisa ter o direito de usar a sua onde você quiser". 
Conforme o bispo, medidas de cumprimento às regras fitossanitárias foram tomadas nas 339 Igrejas do Estado: foram comprados equipamentos de higienização de superfície e houve lacre de poltronas, permitindo menos locais, correspondente às instituições e protocolos de saúde. Além disso, ele orientou que fiéis com mais de 55 anos não comparecessem aos locais de oração, mesmo o grupo de risco sendo de 60 anos a mais.
"Pau que dá em Chico, dá em Francisco. Se ele permite a volta do futebol, por que não a da Igreja? Eu não contesto a abertura e a permissão para os jogos, porque de fato os protocolos forem obedecidos, qual o problema? Não tem torcida, todos os protocolos estão sendo respeitados", afirmou.
Guaracy, que foi diagnosticado com a doença viral, usou seu próprio caso para explicar que a Universal tem um "cuidado extremo em aplicar os protocolos". "Eu tive Covid, adquirida numa viagem em São Paulo. No avião, não tinha uma poltrona vazia, e eu vim com duas pessoas tossindo sem parar, não tinha pra onde correr. Adquiri dentro do avião, que não estava funcionando conforme os protocolos", ressaltou, pedindo que seja feita uma fiscalização em locais religiosos que não estiverem enquadrados nos padrões.
Ele argumentou que a Igreja e o comércio são aliados dos governos, por meio de diversos programas e ações. "Nosso braço social, a Unisocial, já arrecadou mais de seis milhões de toneladas de comida, fora a campanha do agasalho, que somos pioneiros no Estado. Temos uma equipe médica para avaliar problemas de saúde e somos o maior braço social desse país. As prefeituras têm pelo menos 100 mil voluntários gratuitos. Como alguém tem o privilégio de ter um aliado desses e nos empurra para fora?", disse. "A partir do momento que ele me proíbe, como eu vou organizar as doações?", completou.

Falta de diálogo

Para Guaracy, a comunidade religiosa teve seus direitos feridos. "Fomos cerceados do direto de ir e vir. Você pode me educar, você não pode me impedir. O Estado é tão laico quando cobra a laicidade. A Igreja não interfere no Estado, mas esse não vilipendia a Igreja. Essa parcialidade de julgar fere o direito", lamentou.
O bispo também lamentou a pouca abertura da Prefeitura de Porto Alegre ao diálogo. "Minha equipe entregou um termo de responsabilidade e que foi jogado de lado. Por que não vamos ser ouvidos?", questionou. "Tentamos, mas não conseguimos. Disse ao prefeito, ontem mesmo, em uma mensagem, que oro e torço pelas ações dele na luta contra a pandemia. Só pedimos que não nos dissociasse desse processo. Somos aliados", finalizou.
Correio do Povo

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