Na última noite da convenção, os democratas tentarão projetar uma imagem de união contra Trump
O democrata Joe Biden fará nesta quinta-feira o discurso mais importante de sua longa carreira política para aceitar a indicação como candidato presidencial às eleições de novembro contra Donald Trump, que alertou para o "caos" nos Estados Unidos se o rival vencer.
"Donald Trump não é responsável pela Covid-19, mas tem plena responsabilidade no fracasso da resposta", criticou Biden no Twitter antes da convenção televisionada.
Seu discurso marca o fim da convenção democrata, que seria realizada em Wisconsin, mas acabou sendo quase totalmente virtual devido à pandemia do novo coronavírus, que matou mais de 170.000 no país e fez a taxa de desemprego subir para 10%.
Biden disse que, no discurso, irá "discutir planos para reconstruir de uma forma melhor esta nação e indicar um novo caminho".
Trump seguiu a estratégia que manteve desde o início da convenção adversária, organizando um comício simultâneo. Nesta quinta-feira, o republicano visitou Old Forge, na Pensilvânia, próximo à cidade natal de Biden, e alertou os eleitores locais que a eleição de um governo democrata seria "o caos" e "o pior pesadelo" para a nação.
"Somos o muro entre o sonho americano e a destruição", alertou Trump para um grupo de seguidores, que o receberam vestidos com o característico boné vermelho com o slogan "Make America Great Again" (Faça os Estados Unidos grandes novamente).
Durante toda a semana, Trump visitou diversas cidades em estados pendulares, aqueles onde os resultados podem decidir a eleição para um lado ou para o outro, como Wisconsin, Arizona e Iowa.
Coincidindo com a convenção democrata, a emissora conservadora FOX transmitirá na noite desta quinta-feira uma entrevista com Trump.
Fracasso de liderança
Na última noite da convenção, os democratas tentarão projetar uma imagem de união contra Trump e alguns adversários de Biden nas primárias discursarão para mostrar apoio ao candidato do partida à presidência.
Estão previstos discursos de Cory Booker, Micheal Bloomberg, Pete Buttigieg e Andrew Yang, que fizeram parte do grande time de candidatos democratas na disputa vencida por Biden.
Segundo fragmentos dos discursos divulgados pelo Partido Democrata, Yang irá afirmar que Biden e sua companheira de chapa, a senadora Kamala Harris, "entendem os problemas" que os Estados Unidos enfrentam, enquanto Buttigieg vai destacar que um governo democrata pode iniciar uma "cura" no país, que atravessa reflexão sobre as desigualdades raciais.
Na quarta-feira, Harris fez história como a primeira mulher negra a ser indicada por um partido majoritário como candidata a vice-presidente. "O fracasso da liderança de Donald Trump custou vidas e sustento", advertiu Harris.
Depois dos discursos dos ex-presidentes Bill Clinton e Jimmy Carter, na quarta-feira foi a vez de Barack Obama, que abandonou uma regra tácita entre os ex-presidentes de ficar de fora da política de seu sucessor.
Obama afirmou que Trump tratou a presidência como um "reality show" e deixou "instituições democráticas ameaçadas como nunca". Trump respondeu vigorosamente, afirmando que Obama foi um presidente "horrível" e chamando-o de "ineficiente" também.
Muitos olhares acompanharão de perto o discurso do filho de Biden, Hunter, acusado de corrupção pelos republicanos por participar do Conselho de Administração de uma empresa de gás na Ucrânia enquanto seu pai era o vice-presidente dos Estados Unidos.
Ex-conselheiro do Trump acusado de fraude
Nesta quinta-feira, os democratas receberam a notícia de que Steve Bannon, um ex-conselheiro de Trump, foi preso e acusado de enganar cidadãos que doaram dinheiro para construir um muro na fronteira com o México.
Em formato de discursos, em sua maioria já gravados e prontos para serem transmitidos, não se sabe se será possível aproveitar essas informações no evento eleitoral. A campanha on-line de Bannon arrecadou mais de 25 milhões de dólares, de acordo com os promotores.
Em comunicado, o Partido Democrata destacou que Bannon se junta à "longa lista" de assessores de Trump que foram processados, acusados e condenados por crimes. "Não é uma coincidência. Trump se rodeou de criminosos", acusou o partido. Trump rapidamente se esquivou e a Casa Branca afirmou que "não está envolvida" no projeto Bannon.
Mais tarde, do Salão Oval, o republicano disse que não sabia "nada sobre este projeto". "Faz muito tempo que não tenho contato com ele", acrescentou, em alusão ao ex-assessor. Quanto aos republicanos, sua convenção também não escapará do formato virtual e já está cercada de polêmica sobre o anúncio de Trump de que receberá a indicação na Casa Branca, quebrando a regra de separar suas atividades governamentais de sua campanha.
AFP e Correio do Povo
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